21 de novembro 2013 - Hotel Panamericano - Buenos Aires - Calle Carlos Pellegrini 551

 

Boletim haun #002

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Editorial

A elaboração coletiva aliada ao espírito de investigação: a modalidade de trabalho do haun

Maria Josefina Sota Fuentes e Glacy Gonzales Gorski

 

Lembrando a todos que as vagas para o Seminário Internacional da EBP haun – leituras do Seminário 19,... ou pior, de Jacques Lacan –, que se realizará no dia 21 de novembro de 2013, em Buenos Aires, serão limitadas. O desconto na inscrição foi prorrogado para o dia 30 de agosto, convidamos aos que ainda não o fizeram a se inscreverem na página do nosso site.


Convidamos a todos, também, para escreverem textos (de até 6.000 caracteres com espaços, enviados para glacygorski@uol.com.br e josefinasfuentes@gmail.com), que prepararão o terreno para o Seminário e para um futuro livro sobre o evento, tendo como referência os 4 eixos de trabalho que estruturarão o debate: argumento; disciplina do comentário; lógica do tratamento e perspectivas do conceito.
Elisa Alvarenga esclarece, em seu texto, em que consiste essa modalidade de trabalho que valoriza a “elaboração coletiva aliada ao espírito de investigação”, tal como ela diz, para que os pontos opacos ou contraditórios da teoria e da clínica possam emergir, colocando em exercício o que foi o esforço do próprio Lacan, de pensar contra ele mesmo.


Trata-se, portanto, de uma forma de trabalho compatível com a concepção do que é o saber em psicanálise, jamais acabado e estabelecido de uma vez por todas, mas que depende do que cada um de nós vier a fazer dele. Isso exige a aliança do rigor doutrinário a uma pergunta singular, produto de um desejo através do qual cada um enuncia o ponto onde o Outro não responde, e a brecha por onde a falha do simbólico e do real pode ser fecunda.


Dentro desse espírito, na EBP, alguns já se organizam em cartéis para trabalhar o Seminário 19, e convidamos os que assim desejarem, a formar novos cartéis, fulgurantes ou não, para investigar a fórmula do há-um, tema central do nosso Seminário em Buenos Aires, onde procuraremos extrair as consequências clínicas desse aforismo ainda por elucidar.
Mais do que um canteiro de obras para a elaboração das fórmulas da sexuação do não-todo, tal como nos alerta Marcus André, o Seminário 19 traz uma especificidade, explorando, com a matemática, a lógica, a filosofia, a relação complexa entre o gozo e o Um, sintetizada no célebre há-um. Entre outras, a questão clínica que se desdobra é saber “como sustentar-se nesse Um que não é? Nesse Outro que não existe?” Vieira (in Boletim haun #1).


Jésus Santiago, coordenador da Comissão Científica, esclarece, em seu texto, em que consiste a disciplina do comentário, que remonta à tradição filosófica e tem, para Lacan, um lugar crucial para a formação analítica.


Finalmente, dando continuidade ao trabalho de pesquisa realizado por Mirta Zbrun e sua equipe, publicamos, neste número, o BIBLIÔ REFERÊNCIAS, que prossegue na investigação das referências dos capítulos 2 e 3 do Seminário 19 – material que também pode ser encontrado no boletim Diretoria na Rede, que vem publicando, periodicamente, esse trabalho. Vale a pena conferir por que estas referências têm se tornado material de leitura obrigatória nessa pesquisa!

 

 

Sobre a modalidade de

trabalho no Seminário haun

Elisa Alvarenga

 

 

O Seminário Internacional da Escola Brasileira de Psicanálise – haun – Leituras do Seminário 19: ... ou pior de Jacques Lacan é uma oportunidade para extrairmos da leitura deste Seminário – publicado no ano passado, em português –, um ensino que lance luz sobre o que chamamos de último Lacan e suas consequências para a experiência da psicanálise. Ele terá um modo de funcionamento inspirado naquele que foi proposto em 1991, ou seja, pouco antes da Fundação da AMP e da EOL, por Jacques-Alain Miller aos colegas argentinos. Nos Colóquios-Seminários, então realizados por eles com Miller e Éric Laurent, privilegiou-se esta nova fórmula de trabalho, na qual a elaboração coletiva se aliava ao espírito de investigação. Trata-se de uma modalidade de trabalho que interroga e aprofunda os pontos opacos, obscuros e contraditórios da teoria e da clínica, colocando em exercício o que o próprio Miller caracterizou como sendo o esforço constante de Lacan em pensar contra ele mesmo . É uma tentativa de associar a elaboração doutrinária de um Seminário ao debate vivo entre os analistas . Posteriormente instituída entre os membros da NEL que realizam, a cada ano, um Seminário de Formação para os docentes de seu Instituto – o qual dura um dia e meio–, esta modalidade se tornou uma verdadeira oficina de trabalho coletivo.


A estrutura de nosso Seminário, mais enxuta, mantém as quatro modalidades de trabalho originalmente propostas, que respondem a uma lógica: o argumento; a disciplina do comentário; a lógica do tratamento e a perspectiva do conceito. O argumento será apresentado por nosso convidado, Éric Laurent, que, na função de êxtimo, introduzirá em sua exposição as vias lógicas e as consequências clínicas do aforismo “Há Um”, proferido por Lacan no Seminário XIX e retomado no Seminário XX, ao redor do qual girará nosso Seminário, servindo-lhe como eixo orientador.


Ao argumento, que enfoca o tema em sua amplitude, se oporá a disciplina do comentário, que se deterá nos detalhes de trechos escolhidos do Seminário XIX, para fazê-los responder às questões que nos colocam. Jésus Santiago nos explicará o funcionamento e objetivos dessa parte do Seminário, na qual teremos a intervenção de dois colegas, comentados por um terceiro.


Em seguida, virá a lógica do tratamento, desenvolvida em uma mesa clínica com a participação de três colegas que apresentarão casos de sua prática, senão seu próprio caso, comentados por um debatedor. Será o momento de extrair, dos fenômenos clínicos apresentados, a lógica que os sustenta, à luz do tema do Seminário. Trata-se do momento, portanto, de interrogar os analistas, e não mais os textos.
Finalmente, na perspectiva do conceito, dois colegas e um debatedor interrogarão o conceito explorado, em nosso caso o Um, nos pontos em que não foi classicamente abordado, a partir de uma nova perspectiva. Abrimos, assim, as referências do conceito a outros pontos de vista, ampliando sua extensão e questionando-o a partir de novas coordenadas ou outros campos do saber. Essas referências podem situar-se em distintos momentos do ensino de Lacan, inteirando-se acerca de como o conceito varia ou é reformulado por ele mesmo ao longo de sua transmissão oral ou em diferentes escritos. Podemos também interrogar o conceito a partir de Freud ou da literatura psicanalítica; explorar o campo da filosofia; as matemáticas, com a teoria dos conjuntos; a lógica; a ciência; a religião e outras práticas distintas da psicanálise, ampliando o campo de aplicação do conceito. Sabemos o quanto Lacan, a esse respeito, foi subversivo, importando conceitos de outros campos do saber e fazendo deles um uso particular. Sabemos, também, como podemos exportar conceitos da psicanálise aplicando-os à nossa prática, no que chamamos de psicanálise aplicada a vários campos originalmente excluídos da clínica psicanalítica.
Temos, em Freud, diferentes versões do Um: uma só libido, o falo, o traço unário – que se inscreve no inconsciente – e o Um de Eros, que supostamente unifica. Temos, em Lacan, o Um do gozo, singular, de cada um, mas também o S1, significante mestre, o Um do Ideal que identifica, o menos-um, o mais-um, o ao-menos-um, o Um da exceção, o Um do sinthoma. Trata-se de saber que usos podem-se fazer do Um, não apenas na teoria, mas na prática analítica. Uma das maneiras pelas quais se podem tirar consequências da perspectiva do conceito será, então, investigar para que nos serve o Um quando se trata de pensar o final de uma análise, no momento em que se evidencia a inexistência do Outro. Os testemunhos dos AE podem nos ensinar muito a esse respeito: o Um pode ser uma forma de pensar o que Lacan chamou ao final do seu ensino, de inconsciente real, S1 sem S2 ou, ainda, como o sujeito vive a pulsão após a travessia da fantasia. Há Um fala, finalmente, da marca deixada pelo encontro do significante com o corpo, e de como cada um, em uma análise, faz desse encontro necessário, que produz sintoma, contingência, sinthoma.

 

 

 

Sobre a disciplina do comentário

Jésus Santiago

 

A disciplina do comentário tem sua origem no contexto da Universidade antiga. Trata-se do tempo em que a Universidade não possuía uma organização intelectual ordenada compatível com uma representação unificada do saber; tempo que coincide com a prática filosófica concernente à escolástica medieval. A escolástica refere-se, também, à doutrina e ao método de ensino nas escolas medievais europeias e a suas repercussões sucessivas até os nossos dias. Enquanto método, a escolástica implica: a (1) leitura detalhada [lectio] de um livro, em particular reconhecido como uma grande obra, por exemplo, a lógica de Aristóteles, a geometria de Euclides, a retórica de Cícero e (2) na discussão aberta [disputatio], segundo a forma lógica estrita de uma questão pertinente [quaestio] resultante do texto .


Quem pode desconhecer esse lugar decisivo e central para a formação analítica, que Lacan pôde dar à leitura dos textos de Freud, sob a égide da disciplina do comentário. Desde fevereiro de 1954, em resposta ao comentário de Jean Hyppolite sobre a “Verneinung”, Lacan nos indica, com veemência, o quão fecundo se revela “nosso método de recorrer ao texto de Freud para submeter a um exame crítico o uso atual dos conceitos fundamentais” da clínica psicanalítica. Ele inicia, assim, o seu elogio do trabalho de decifração empreendido pelo filósofo, exatamente porque ele é o detentor da perspectiva da disciplina do comentário. “Não estará demonstrado aí, que, ao propor ao espírito menos prevenido, (…) o texto de Freud que eu diria ser o de interesse mais local, na aparência, nele encontramos essa riqueza inesgotável de significações que o oferece por destinação à disciplina do comentário ?


A prática da disciplina do comentário expressa pelo exercício de leitura metódica e sistemática que busque dar conta da lógica teórico-clínica dos diversos momentos do ensino de Lacan tem sido uma constante no percurso de J.-A. Miller. Nesse caso, os efeitos profícuos da disciplina do comentário são inúmeros e presentes, sobretudo, na leitura de alguns dos escritos, a saber: A direção do tratamento e os princípios de seu poder; De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose”; e, “Juventude de Gide ou a letra e o desejo”. Esse é o espírito do que pretendemos, também, dar lugar no nosso próximo Seminário da EBP que se realizará, em Buenos Aires, em novembro de 2013.

 

 

BIBLIÔ REFERÊNCIAS

Pesquisa realizada por Mirta Zbrun (coordenadora),

Patrick Almeida e Luciana Castilho de Souza.

 

CAPÍTULO II
TEMA 1- A Questão da Escrita

Éric Laurent, em sua conferência intitulada “A carta roubada e o voo sobre a letra”, pronunciada no curso de Jacques-Alain Miller intitulado “Experiência do real na cura analítica” (1998-1999), e publicada em La Cause Freudienne n°43, em “Os paradigmas do gozo” (outubro de 1999), nos esclarece sobre a questão da escrita e as divergências entre Jacques Lacan e Jacques Derrida. Sobre esta questão, podemos também nos referir ao capítulo V intitulado por Jacques-Alain Miller “A palavra e a escrita” no Seminário XVIII, De um discurso que não seria semblante (1971) de Jacques Lacan.

 

A) A letra

Autores citados:

Jacques Derrida: filósofo francês (1930-2004) que se distanciou de Lacan ao criticar a noção da letra, como exposto em “A instância da letra no inconsciente” de Jacques Lacan. A conferência de Derrida sobre Freud (1966) no Instituto de Psicanálise marca, paralelamente, uma escansão, como diria Éric Laurent em sua conferência intitulada “A carta roubada e o voo sobre a letra”. Sabemos, porém, que Lacan lhe responde em “O aturdito” (1974), Outros Escritos.


Norman J. Kretzmann: filósofo (1928-1988) e professor de filosofia especializado em história da filosofia medieval e filosofia da religião na Universidade Cornell, situada em Ithaca, Nova Iorque, Estados Unidos. Principal editor de The Cambridge History of Later Medieval Philosophy (1982). Krestzman refere-se ao campo da linguística e da linguagem para explanar suas formulações.


Anthony Kenny: filósofo inglês nascido em 1931 e membro da Sociedade Filosófica Americana desde 1993 dedicou-se ao estudo da filosofia analítica pela via da análise do significado de enunciados. Dedicou-se particularmente ao estudo do pensamento de Tomás de Aquino, apresentando argumentos contra este. Coeditor de The Cambridge History of Later Medieval Philosophy (1982), interessou-se, assim como Krestzman, pelo campo da linguística e por pesquisas sobre a linguagem a partir de obras dos primeiros filósofos analíticos como Frege, Russell, George Edward Moore e Ludwig Wittgenstein.


Jan Pinborg: historiador da linguística medieval e da filosofia da linguagem (1937-1982) e coeditor de The Cambridge History of Later Medieval Philosophy (1982).

 

B) O sujeito

Autor citado:

Alain de Libera: (1948) historiador e especialista em filosofia medieval, é professor de filosofia na École Pratique des Hautes Etudes. Defensor de um estudo pluralista da razão incluindo normas e exigências publicou inúmeros livros sobre essa questão, além de Arqueologia do sujeito I. Nascimento do sujeito (2007) e Arqueologia do sujeito II. Nascimento do sujeito (2008) sobre a noção pré-histórica do sujeito em filosofia. Nesse contexto, buscou retraçar a arqueologia do sujeito durante o período pré-cartesiano.

 

CAPÍTULO III

TEMA 1- A Biologia na Psicanálise

 

Segundo J. - A. Miller existem duas biologias na psicanálise. A de Lacan e a de Freud, esta última sofreu impacto da obra de Weismann, tal como ele comenta na sua obra sobre Schreber.

 

A) Biologia lacaniana

Autores citados:

Francis Crick e James Watson desvendaram em 28 de fevereiro de 1953 a estrutura do DNA, a estrutura da molécula mais importante da vida. Como reconhecimento dos seus trabalhos sobre a molécula de ADN, Watson, Crick e Wilkins receberam o Prêmio Nobel.
François Jacob, biólogo francês (1920-2013) obteve o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 1965 pelos importantes estudos sobre a regulação genética das bactérias. Ele é autor de “A Lógica da Vida”.
Jacques Lucien Monod, (1910-1976) biólogo francês também agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina de 1965 por descobrir atividades reguladoras no interior das células.
André Michel Lwoff, microbiologista francês (1902 -1994) Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina de 1965, por pesquisar mecanismos químicos da transmissão da informação genética.

 

B) Biologia freudiana

Autores citados:

Friedrich Leopold August Weismann, (1834-1914) biólogo alemão, descobriu a barreira de Weismann: esta barreira impede, ainda que não completamente, que as células somáticas passem informações para as células germinativas, portanto fundamental, em termos conceituais, para reforçar a teoria da seleção natural de Charles Darwin.
Obras: August Weismann. Porto Editor. Infopédia e “Ensaio sobre a hereditariedade e a seleção natural”.
Sigmund Freud: “Além do princípio do prazer”, capítulo 6, sobre a genética em A. Weismann.
Memórias de um doente dos nervos, Presidente Schreber, sobre “eu a amo”.
_______ “Ensaio sobre a hereditariedade e a seleção natural”.
_______ “Memórias de um doente dos nervos”, sobre “eu a amo”.

 

TEMA 2- A Lógica da Sexuação

 

Tema recorrente no ensino de Lacan desde o Seminário 2, “O Eu na teoria de Freud e na técnica psicanalítica”.

 

Autores citados:

Platón, “Parménides o de las Ideas”, pp.946-990. Ediciones AGUILAR, Madrid, 1966 a 1969.
Kurt Friedrich Gödel, matemático austríaco, naturalizado americano (1906-1978).


O trabalho mais conhecido de K. F. Gödel é seu teorema da incompletude, no qual afirma que qualquer sistema axiomático suficiente para incluir a aritmética dos números inteiros, não pode ser simultaneamente completo e consistente. Isto significa que se o sistema é auto consistente, então existirão proposicionais que não poderão ser nem comprovadas nem negadas por este sistema axiomático. E se o sistema for completo, então ele não poderá validar a si mesmo, seria inconsistente. Os teoremas da incompletude de Gödel, às vezes também são designados como teoremas da indecidibilidade.


Teorema 1: “Qualquer teoria axiomática recursivamente enumerável e capaz de expressar algumas verdades básicas de aritmética não pode ser, ao mesmo tempo, completa e consistente. Ou seja, sempre há em uma teoria consistente proposições verdadeiras que não podem ser demonstradas nem negadas.”
Teorema 2: Uma teoria recursivamente enumerável e capaz de expressar verdades básicas da aritmética e alguns enunciados da teoria da prova, pode provar sua própria consistência se, e somente se, for inconsistente”.
O primeiro teorema garante a existência das proposições chamadas indecidíveis, ou seja, que não podem ser provadas verdadeiras o falsos em dado sistema axiomático.
O segundo teorema impõe uma restrição a qualquer sistema axiomático: não é possível ser consistente e provar a sua consistência, o que não impede que essa consistência seja provada por outro sistema.

 

Referências na obra de Lacan:

- “Discurso de Roma”. Escritos, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1995.
- O Seminário livro II: “O Eu na teoria de Freud e na técnica psicanalítica”, capítulos 3, 4, 5, 6 e 7, que tratam da relação entre a função do eu e o princípio do prazer, a partir da leitura lacaniana do “Para além do Princípio do Prazer”. Freud, S. Jenseits des Lustprinzips. Gesammelte Werke, XIII ).
- Le Séminaire livre XX, Encore. Seuil, Paris, 1975.

 

 

Organização do Seminário Internacional “haun - Leituras do Seminário 19: ou pior” de Jacques Lacan

 

Diretor
Marcelo Veras

Comissão Organizadora
Coordenadoras: Maria Josefina Sota Fuentes e Glacy Gonzales Gorski


Heloísa Prado Telles, Cleide Pereira Monteiro e Simone Souto

Comissão Científica
Coordenador: Jésus Santiago


Marcus André Vieira e Elisa Alvarenga

 

Boletim Haun


Editores: Glacy Gonzales Gorski, Cleide Pereira Monteiro e Maria Josefina Sota Fuentes
Colaboradores: Carla Serles, Patrick Almeida e Júlia Solano