Editorial #02

por Maria Josefina Sota Fuentes

 

Esse-um

 

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O segundo boletim da Diretoria na Rede é marcado por uma série de acontecimentos inéditos no Brasil, e por um trabalho intenso da EBP que se realiza no vasto território brasileiro, mas também fora dele, como ocorreu em Miami e em breve acontecerá na cidade de Buenos Aires.


Nas rubricas Espaço do Conselho e Extimid@des, recolhemos as contribuições dos colegas que falam das manifestações que tomaram conta das ruas e da vida dos brasileiros. Vinte centavos jamais renderam tanto: um enxame de múltiplas causas prolifera em todas as partes; esses-uns: mobilizados em rede e clamando por um futuro mais digno.


Enquanto os protestos atraíam a atenção de todos na noite de 18/06, o Senado aprovou o polêmico Ato Médico – na mesma noite em que a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados – presidida pelo pastor evangélico Marcos Feliciano – aprovou a chamada “cura gay”, anulando a decisão do Conselho Federal de Psicologia que proibia terapias destinadas à cura da homossexualidade. Na rubrica EBP Debates, os colegas da Comissão do Observatório da Regulamentação da Psicanálise, coordenada por Samyra Assad, escrevem sobre essa relação complexa entre psicanálise e religião que já nos rendeu outras batalhas, como no final dos anos 90, quando os pastores evangélicos fundaram uma sociedade de psicanálise, o que levou à criação da Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras, da qual a EBP faz parte,contra as tentativas de regulamentação da psicanálise. Vale a pena conferir, também, a entrevista com Ricardo Moretzsohn, que participou ativamente na criação da Articulação quando foi presidente do Conselho Federal de Psicologia.
No trabalho preparatório para o Seminário Internacional da EBP, o haun,que ocorrerá em Buenos Aires durante a semana do VI ENAPOL, no dia 21 de novembro, o Bibliô Referências publica a pesquisa em andamento das referências indispensáveis para a leitura do Seminário 19 de Jacques Lacan,... ou pior, elaborada por Mirta Zbrun e sua equipe. No site da EBP, as inscrições para o haun já podem e devem ser feitas, já que as vagas são limitadas.


No primeiro Boletim do haun, que será lançado em breve, constatamos as razões mais do que suficientes para que o Conselho da EBP escolhesse... ou pior como tema para o Seminário Internacional da EBP. Não há relação sexual, mas Há-Um que não se confunde com a unidade especular, nem com a exceção do Um paterno, nem pode ser recoberto pelo sentido, mas insiste no gozo que se repete na vida e na análise, servindo de matéria-prima para a construção do sinthoma em uma análise, como também na vida selvagem do Um-dividualismo contemporâneo.


Já Acontece na EBP que algumas Seções e Delegações dedicam-se ao estudo desse Seminário, e é sempre desejável que Cartéis, fulgurantes ou não, sejam criados em torno desta ou daquela leitura – tal como foi o caso do Grupo de Trabalho de Bipolaridade, Mania e Melancolia, que participará de uma das mesas da Conversação do VI ENAPOL, que se constituiu como cartel apostando que a elaboração singular de cadaUm possa se enlaçar ao coletivo do pequeno grupo, resultando em uma produção única.


Nos tempos do Outro que não existe, um esforço a mais para sustentar o desejo de fazer cartel! sempre valerá a pena, pois, afinal, fazer cartel é dar consistência à Escola de Lacan, é fazer Escola. Esse é o tema da Dobradiça de Cartéis, que recolhe o produto do mais-um da Comissão dos Cartéis da EBP, Carlos Augusto Nicéas, que nos lembra, em seu texto, “A solidão do pequeno grupo”, que, no cartel os Uns tão-só como sempre estiveram, têm a chance de se enlaçar ao coletivo e dar consistência ao Outro da Escola, fazendo existir “uma Escola que fosse, de fato, uma Escola para a psicanálise, e não para os psicanalistas entre eles”.


Recolhemos, ainda, os ecos do Simpósio em Miami O que Lacan sabia sobre as mulheres?, publicando as conferências inéditas e imperdíveis de Marie-Hélène Brousse, de Jorge Forbes e Flory Kruger.


A nova rubrica do DR, Orientação Lacaniana, manter-nos-á informados acerca da transmissão da Orientação Lacaniana que acontece na EBP, coordenada por Elisa Alvarenga.


Vale a pena conferir, ainda, a entrevista com a autora de Soante, Lucíola Macêdo, no Bibliô Entrevista, bem como, nos Territórios Lacanianos, o belíssimo vídeo sobre o Pai-PJ, o Programa criado por Fernanda Otoni, exemplar do que pode ser a Ação Lacaniana da cidade que conjuga a psicanálise pura e aplicada.

 

Boa leitura!    

 

Maria Josefina Sota Fuentes