Acontece #016
Novembro 2014
Editorial
Em todo território nacional, ecos do trauma, nas cidades, corpos, seções e delegações reverberam. Assim, a comunidade da Escola Brasileira de Psicanálise se prepara as para o Encontro do Campo Freudiano, em Minas. Ressonâncias singulares da passagem de M.H.Brousse sobre o tema já foram capturadas da sua participação nas Jornadas da Seção Rio de Janeiro e Bahia. Não deixem de conferir as atividades satélites que ocorrerão em Minas nas imediações do nosso Encontro como o Encontro Tya e a Tarde de Trabalhos do CIEN.
Programem-se! E boa viagem!
Rogério Barros
Seção Bahia
Aconteceu na Bahia
Foto: Wilker França
Sobre o trauma e a violência: o que do tema nos transmitiu M.H. Brousse?
Na quinta-feira dia 23 de outubro, o Serviço de Psicologia da Universidade Federal da Bahia – UFBA – em parceria com a Escola Brasileira de Psicanálise – EBP Seção Bahia – promoveu a Conferência Trauma e Violência, proferida por M. H. Brousse, em mesa coordenada por Analícea Calmon.
Para a convidada, no discurso comum atual vemos uma montagem que funciona da seguinte maneira: para 1 ato – a violência, temos 1 efeito – o traumatismo, e 1 nomeação – a vítima. Porém, quando colocada em dispositivo de orientação psicanalítica, aparece que a violência não está proporcionalmente relacionada ao trauma. A violência não nos permite avançar tanto na direção do tratamento.
Um trauma verdadeiro não diz respeito necessariamente a uma violência física, por exemplo, mas àquilo que fica marcado como enigma para um sujeito; que fica como ferida.O verdadeiro trauma, aponta Brousse, diz respeito à conjunção entre 1 evento e 1 significante. Se assim se pode dizer, o realmente traumático então não se manifesta subjetivamente sem haver sido marcado por um significante. Logo, o que acontece com todos os significantes que inicialmente não tem sentido nos ensina do significado do trauma para a psicanálise.
Nesta mesma perspectiva, podemos dizer que um evento pode tornar-se traumático a cada vez que não consegue escrever-se na ordem simbólica – da qual o sujeito dispõe, tratando-se portanto daquilo que é da ordem do real. Por isso, fica fora. É a coisa obscura. Assim sendo, trauma seria a resposta a uma pergunta que o sujeito jamais fez, disse Brousse. Até porque, seguiu ela, esta pergunta jamais poderia ser feita pelo sujeito. Apesar de se perguntar sobre o sexo, a respeito do trauma não se tem nenhuma ideia sobre. Aí se comprova a existência de um fora sentido que jamais poderá ser escrito.
E que visa o trabalho analítico? Diferentemente do que resta como nomeação no senso comum, a via analítica, para M. H. Brousse, é a da desidentificação. Para ela, o trauma é o avesso do ato. Se idetificado ao trauma, o sujeito encontra-se passivo. Ao contrário disto, sustentar um ato faz com que o sujeito retorne à via do desejo. A solução analítica está na proporção do menos de gozo, mais de desejo.
Daniela Nunes Araújo
Foto: Rogério Barros
Contamos ainda com a presença de M.H.Brousse na sessão clínica, ocorrida na quinta-feira, 22 de outubro. A praticante Júlia Solano apresentou um caso de um jovem, trazendo para exposição questões diagnósticas e a clínica do gozo, fazendo-nos pensar em formas de intervenção psicanalítica.
A mesa, coordenada por Bernardino Horne, quem preside a atividade quem tem ocorrência mensal, teve importantes contribuições da convidada francesa, que teceu comentários sobre o caso, favorecendo a sua formalização.
Foto: Rogério Barros
Foto: Rogério Barros
Foto: Rogério Barros
Entre os dias 24 e 25 de outubro, a comunidade EBP-Ba esteve no auditório da ABM para realização das XIX Jornadas da Seção. Nesse evento, sob o S1 aglutinador "Atualização do Trauma", diversas mesas foram compostas com apresentações de trabalhos, segundo alguns eixos, a saber: "Trauma, corpo e gozo", "Trauma, letra e sinthoma", "Trauma, amor e clínica", "Trauma, ato e tempo", "Trauma e clínica da criança". Contamos, nessas mesas, com a coordenação dos conterrâneos Célia Salles, Sônia Vicente, Vera Lúcia Veiga Santana e Analícia Calmon, além dos convidados Glacy Gorsky (EBP/ Del. Paraíba). Houve ainda uma mesa de trabalhos de cartéis, com trabalhos orientados pelo eixo "Trauma e início do tratamento", coordenada por Maria Josefina Sota Fuentes (EBP/SP).
Foto: Rogério Barros
Jésus Santiago (EBP/MG), com um trabalho sobre seu passe, nos apresentou o texto "O engodo do viril", com coordenação de Bernardino Horne e comentários de M.H. Brousse. O falo como falácia e a condição de objeto foram temas centrais na sua enunciação.
Foto: Rogério Barros
M.H. Brousse, em dois dias de trabalho, com coordenação de Tânia Abreu no primeiro dia e Marcela Antelo no segundo, nos prestigiou com conferências sobre o trauma. Em breve, essas conferências na Bahia serão estabelecidas. Aguardem!
Foto: Luísa Vilela
Foto: Luísa Vilela
Não podemos deixar de falar da festa de confraternização, realizada e organizada pela Comissão de Acolhimento da XIX Jornadas EBP-Ba. O Restaurante Salvador Dalí foi palco do encontro, misturando boa comida com pista dançante que durou muitas horas!
Por fim, deixamos com a palavra o Conselho da EBP-Ba, em mensagem pública a Diretoria da Seção e a Comissão Organizadora das Jornadas:
Por Rogério Barros
Acontece em Novembro
Após as grandes produções das nossas XIX Jornadas da EBP-Ba, nos encontramos na reta final dos trabalhos. No mês de novembro teremos duas atividades:
No dia 05, Nilton Cerqueira é o responsável pelo Seminário de Orientação Lacaniana, e ele apresentará a 5a aula do Ultimíssimo Lacan (Miller, J.-A.: El Ultimísimo Lacan, Paidós, Buenos Aires, 2013) que será coordenado por Luis Mena.
Por fim, no dia 12, será a vez de Cláudio Melo coordenar a apresentação do trabalho de Fátima Sarmento, que tem O acontecimento traumático enquanto título.
Após essas duas riquíssimas atividades, será a hora de irmos para o XX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano: "Trauma nos corpos, violência nas cidades". Vamos?!!
Seção Minas Gerais
Neste mês de Novembro destacamos o XX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, "Trauma nos corpos, violência nas cidades", bem como seus eventos satélites:
I Encontro da Rede Toxicomania e Alcoolismo (TyA) Brasil • Adições, Corpo, Violência: o que está em jogo hoje
IV Tarde de trabalhos do CIEN Brasil • O traumatismo e o real na clinica: o que as crianças inventam?
IV Encontro dos Núcleos da Nova Rede CEREDA no Brasil • Trauma e real: o que as crianças inventam?
Mais além do Encontro, assinalamos ainda as seguintes atividades:
Dia 08: Jornada do Curso de Psicanálise do IPSM-MG
Responsável: Lucíola Freitas de Macedo.
Dia 13: Seminário de Leitura do Curso de Orientação Lacaniana, A Perversão do Gozo, o Corpo e o Imaginário.
Responsáveis Jésus Santiago, Ram Mandil e Sérgio Laia.
Dia 14: Apresentação de Paciente e Entrevistas de Orientação Lacaniana, às 10:00 horas, no Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam). Entrevistador: Henri Kaufmanner.
Seção Rio de Janeiro
NOTAS DA DIRETORIA
As XXIII Jornadas Clínicas, intituladas: O trauma e suas vicissitudes aconteceram e deixaram suas marcas na história da EBP-Rio, do ICP-RJ e em todos nós.
A diretoria agradece a parceria da diretoria do ICP, especialmente à Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros.
Parabenizamos Ana Tereza de Faria Groisman e Maricia Ciscato pelo excelente trabalho de coordenação geral do evento. Elas cuidaram de cada detalhe, o que gerou um campo propício para ouvir as ricas elaborações apresentadas sobre o tema seja na Conversação do ICP, nas Plenárias, na Mesa Redonda e na Manhã Clínica, organizada através de um dispositivo inédito.
Também agradecemos:
Aos convidados, que, com sua presença, iluminaram nosso trabalho, Marie-Hélène Brousse, Ram Mandil e Lucíola Freitas de Macêdo.
Aos autores que lançaram seus livros e revistas.
À Julieta Hanono, pelo empréstimo do vídeo El pozo.
A todos os coordenadores e integrantes de todas as Comissões organizadoras. Especialmente a Romildo do Rêgo Barros e à Andréa Reis, que coordenaram a Comissão Científica.
Às secretárias Natalina e Rosane, e à bibliotecária Stefanie.
Ao Conselho da EBP, por estar presente.
A todos os que participaram e se manifestaram de distintas formas reafirmando sua transferência com a psicanálise e com a Orientação Lacaniana.
A todos as nossas saudações!!!!
Valeu!!!!!
Maria Silvia G. F. Hanna
Diretora Geral EBP Rio
Comentários sobre as XXIII Jornadas Clínicas
Momento de concluir:
O convite para escrever algumas palavras sobre o que foi o trabalho de coordenar as XXIII Jornadas clínicas me trouxe um impasse. Não cabe ser longo, não tem como ser breve!
Foi um ano bem maior do que me mostra o calendário. Trabalhamos muito, com afinco e seriedade, mas também com muita alegria e leveza. Contamos com a ajuda de inúmeros colegas que toparam o desafio de construirmos juntos nosso "bordado", eu estimo que o empenho de cada um possa ser reconhecido no todo que constituiu nosso evento. Tentamos acolher a todos, sei que nem sempre foi possível, mas seguiremos tentando!
Só tenho a agradecer às diretoras pelo convite, pela confiança e pelo apoio, mas, sobretudo, agradeço à minha grande parceira, Maricia Ciscato, pela inestimável ajuda e pelo clima ameno, seguro e afetuoso que tanto contribuiu para que conseguíssemos concluir tão bem nossa longa jornada.
Muito obrigada a todos,
Ana Tereza de Faria Groisman
Eis que chega ao fim a construção de nossas XXIII Jornadas Clínicas. Os meses de trabalho foram de muito aprendizado e crescimento. Muitas novas parcerias se firmaram pelo caminho, permitindo que uma nova rede se tecesse para mim. As dificuldades foram sendo trabalhadas uma a uma, me ensinando os limites e as aberturas das diferentes lógicas que atravessam nossa comunidade. Fechamos esse ciclo para abrir os próximos! Agradeço mais uma vez às Diretoras pela aposta feita e aos colegas, principalmente à minha parceira Ana Tereza de Faria Groisman, pela generosidade na construção de um trabalho com a marca de cada um, mas com um foco comum, a transmissão da psicanálise em nossa Escola.
Maricia Ciscato
Acontece na EBP Rio
As atividades de novembro se iniciam no dia 03/11 com o Seminário Clínico. Nessa ocasião contaremos com a presença de Yves-Claude Stavy, que dará continuidade ao trabalho desenvolvido no ano passado na EBP-Rio sobre o tema do Não todo generalizado e suas implicações clinicas na psicanálise de hoje. A atividade é coordenada por Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros e Maria Silvia G. F. Hanna. Teremos como colaboradores Ana Beatriz Freire, Angela Bernardes, Angélica Bastos, Astréa Gama, Elza Marques Lisboa de Freitas e Fernando Coutinho. No dia 05/11 teremos um Evento Preparatório para o XX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano: Trauma nos corpos, violência nas cidades, que será uma Mesa Redonda: O trauma nos corpos; De Freud a Lacan, coordenado por Ana Cristina Figueiredo, e com a participação de Stella Jimenez e Romildo do Rêgo Barros. Os comentários serão feitos por Vicente Machado Gaglianone. A atividade será realizada em parceria com a EBP-Rio e com o Curso de Especialização em Clínica Psicanalítica do IPUB. Já no dia 10/11 teremos o Seminário de Orientação Lacaniana, coordenado por Romildo do Rêgo Barros. Será o último encontro, e alguns pontos das discussões ao longo do ano serão retomados, como: "Do último da série ao ultimíssimo ('psicanálise absoluta': p. 148) há uma descontinuidade; princípio de identidade: em lugar do Outro (identificação), o corpo (p. 107), como 'consistência essencial do ser humano' (p. 127). Elogio a Rosine e Robert Lefort. No lugar de Freud, Lacan, no seu ultimíssimo ensino, inspirou-se em Joyce (p. 131). No lugar da neurose como base (histeria = história), a psicose, e a alucinação como fenômeno fora da história, 'fora do efeito de verdade e do efeito de interpretação' (p. 32); Da une-bévue ao inconsciente, e retorno à une-bévue. Em seguida, discutiremos uma questão que me parece decisiva: Que clínica podemos depreender do ultimíssimo ensino de Lacan?Penso que será uma boa maneira de recolher alguns pontos principais do nosso seminário, e de finalizar a tarefa que nos foi confiada pela diretora da Seção." E, por fim, no dia 14/11 teremos o lançamento da Revista Latusa nº 19 SAMCDA: o que se opõe ao discurso analítico. A atividade será coordenada por Cristina Duba e os autores farão os comentários.
Seção São Paulo
05/11 - Leitura do Seminário VI de Jacques Lacan - Capítulo XV e XVI com apresentação de Ariel Bogochvol e Heloisa da Silva Telles. Coordenação: Maria Cecília Galletti Ferretti.
12/11 – Atividade da Diretoria - Noite do Cartel - Coordenação: Kátia Ribeiro.
Acompanhe as atividades para 2014 do CLIN-a no site:
http://www.clin-a.com.br/
Com o intuito de discutirmos a transmissão da psicanálise em nosso instituto, faremos uma série de Oficinas de trabalho com os associados da CLIPP, sendo a primeira delas marcada para o dia 08 de novembro, sábado, das 09 às 12h, com o corpo docente dos cursos: Psicanálise e Lacan, para começar. Três textos de Lacan serão referência para o trabalho: "Meu ensino" – Rio de Janeiro: Zahar, 2006, "Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola" e "Alocução sobre o ensino" - In Outros escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
Em 24 de novembro encerraremos a primeira turma do curso Lacan, para começar. Sob a coordenação geral de Sandra Grostein, o curso teve como proposta um percurso inicial no ensino de Lacan partindo de seu escrito Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise.
IPLA em Berlim e em San Diego
Neste ano, apresentamos trabalhos em dois grandes congressos internacionais de Genética:
- 19th International Congress of World Muscle Society, Berlim, de 7 a 11/10
- Congresso Anual da American Society of Human Genetics, San Diego / CA, de 18 a 22/10
A parceria da Psicanálise com a Genética, iniciada em 2006, por Jorge Forbes, psicanalista, e Mayana Zatz, geneticista, resultou na criação da Clínica de Psicanálise do Centro de Estudos do Genoma Humano – USP, ligada ao Instituto da Psicanálise Lacaniana – IPLA. Essa clínica atende pacientes afetados por doenças neuromusculares de origem genética e seus familiares. Nota-se que, frente à angústia de receberem o diagnóstico da doença degenerativa, os pacientes reagem com resignação, enquanto seus familiares manifestam a compaixão. O congelamento nessas posições é causa de grande sofrimento. O tratamento psicanalítico retira a pessoa da sua posição de resignada levando, por vezes, também seus familiares e amigos a saírem da posição de compaixão. A pessoa, em análise, se responsabiliza pelo seu acaso e inventa um novo jeito de lidar com a surpresa de sua condição clínica. Nesses oito anos, mais de cem pessoas foram atendidas, com sucesso registrado. Os resultados desse trabalho têm sido apresentados em congressos internacionais de Genética e congressos internacionais de Psicanálise.
No mês de outubro participamos de dois grandes congressos internacionais de Genética: o 19th International Congress of World Muscle Society, realizado em Berlim, de 7 a 11, e o Congresso Anual da American Society of Human Genetics, realizado em San Diego/Califórnia, de 18 a 22.
Detalhemos:
1) O trabalho apresentado em Berlim trata de uma nova forma de atendimento psicanalítico usando a tecnologia do Skype: SKYPE AND PSYCHOANALYSIS: an approach to circumvent patients'locomotion difficulties.
Iniciamos experimentalmente esse recurso tecnológico devido às dificuldades socioeconômicas e à falta de acessibilidade do sistema de transporte público brasileiro, que representa um grande obstáculo para o deslocamento de pacientes portadores de deficiência física. Numa tentativa de contornar este problema, estamos analisando o efeito do uso do Skype como alternativa ao setting psicanalítico tradicional, que exige a presença física do paciente e do analista.
Nove entre dez pacientes, tratados experimentalmente com esta abordagem, afirmaram preferir a alternativa de sessão por Skype para não interromper o tratamento. Após 15 semanas de atendimento, retornaram à clínica para uma entrevista com Jorge Forbes e Mayana Zatz, com o objetivo de verificar até que ponto eles foram beneficiados com o tratamento. Os resultados mostraram que o tratamento psicanalítico por Skype foi efetivo e ajudou esses pacientes a lidarem com seu acaso de forma criativa e responsável.
Clique aqui para ver o pôster apresentado no WMS 2014:
http://www.ipla.com.br/assets/images/sc_cartaz-berlin_ipla.jpg
2) Achados Acidentais. Na medicina de hoje, por meio de exames de última geração, doenças são anunciadas antes de qualquer sensação física. É o caso de exames genéticos que preveem com muitos anos de antecedência a probabilidade de se desenvolver determinada doença. Como reage o paciente diante dessa informação igualmente desagradável e estranha?
O sequenciamento de DNA de nova geração tem trazido preocupações éticas e psicológicas para geneticistas e psicanalistas em relação às potenciais vantagens e desvantagens de se comunicar mutações não relacionadas com o transtorno específico do paciente e / ou de um prognóstico incerto. É esse o tema da pesquisa apresentada no congresso de San Diego, Califórnia – USA: NEXT GENERATION DNA SEQUENCING AND INCIDENTAL FINDINGS: Consultant's opinion about the impact of being informed.
A pesquisa tem como objetivo questionar se é razoável ou não para a sociedade o fato de delegar aos pesquisadores a responsabilidade ética de expor aos indivíduos, que procuram um diagnóstico específico, o conhecimento sobre os riscos genéticos adicionais que possam ser encontrados nesses exames, os chamados achados acidentais.
Uma amostra de 200 pessoas, jovens e idosos, de escolaridade variada, responderam a um questionário cuja pergunta principal era se gostariam ou não de serem informados desses achados acidentais. Dessa amostra, 85% respondeu que sim, gostaria de saber sobre a probabilidade de ser acometido de alguma doença no futuro.
Ora, abre-se aí um amplo campo para a Psicanálise, que desde sempre lidou com os "achados acidentais", com aquele estranho que vive dentro de cada um de nós, que é o nosso mais íntimo e que sempre nos escapa.
Assim, Psicanálise e Genética se juntam na discussão ética de como lidar com os "achados acidentais".
Clique aqui para ver o pôster apresentado no ASHG 2014:
http://www.ipla.com.br/assets/files/sc_cartaz_encontros_ipla.pdf
Conversação Clínica IPLA - 2014
De Freud a Lacan, pelos casos clínicos
O Instituto da Psicanálise Lacaniana – IPLA – retomou em 2014 o seu Curso Fundamental de Freud a Lacan. Ao longo desse ano traçamos o percurso conceitual e clínico da psicanálise desde a sua invenção por Sigmund Freud até a segunda clínica de Jacques Lacan.
A Conversação Clínica do IPLA, que encerra as atividades 2014, tem como objetivo revisitar os conceitos estudados durante o ano, os quais serão abordados através da apresentação e discussão de casos clínicos clássicos de Sigmund Freud, intervenções clínicas de Jacques Lacan e casos da Clínica de Psicanálise do Genoma.
A Conversação Clínica terá como âncora duas conferências sobre o tema do amor, apresentadas pelo filósofo Renato Janine Ribeiro e pelo psicanalista Jorge Forbes.
Local: Pousada do Quilombo – São Bento do Sapucaí
Data: 5 a 7 de dezembro de 2014
Delegação Geral Goiás/ Distrito Federal
Aconteceu em Goiás
Seminário de Orientação Lacaniana - Outubro
A interpretação
A transmissão da OL na DG-GO/DF contemplou no mês de outubro a "Interpretação" com uma pergunta inicial: "Qual poderia ser a novidade na transmissão desse conceito hoje?", considerando que a psicanálise muda precisando de conceitos que nos ajudem a pensar uma prática que possa interpretar os fenômenos da civilização, que passam da interdição à incitação ao gozo; uma substituição do inconsciente freudiano pelo falasser lacaniano tomado como índice do que muda na psicanálise no séc. XXI, que deve levar em conta outra ordem simbólica e outro real. O corpo enquanto corpo falante, muda de registro: trata-se de um novo nome para o inconsciente proposto pelo ultimíssimo Lacan.
Outra questão surge quando constamos que o sinthoma, como o mais singular é indecifrável, ininterpretável e não se pode ler. "Como se interpretar então nesse ultimíssimo Lacan? O que colocamos em seu lugar?" Considerando que existe um duplo efeito da fala interpretativa: Efeito de sentido e efeito de furo e que Lacan pontua que é unicamente pelo equívoco que a interpretação opera havendo necessidade que algo do significante ressoe, juntamente com sua fala fortíssima no seminário 24 de que "Só a poesia permite a interpretação", tudo isso nos conduz a uma leitura de que há uma correspondência formal entre a interpretação e a poesia, com uma diferença: o que seria natural na poesia, na interpretação é alguma coisa que se constrói que se produz.
Ordália também chama a atenção para o maior dos paradoxos que o ultimíssimo Lacan nos conduz, a saber: A perspectiva da psicanálise nega a sua prática, considerando que a sua perspectiva, a sua ambição, é conduzir ao real, ir além do semblante (o real separado do semblante) e a sua prática se dá tendo como movimento o semblante.
Transmissão foi conduzida por Ordália A. Junqueira com os comentários de Ruskaya Maia.
*Resenha de Ordália Junqueira
Núcleo de Psicanálise e Arte - Outubro
Dia 25 de Outubro o Núcleo de Psicanálise e Arte realizou a exibição e o debate do filme "AS CINCO OBSTRUÇÕES" dos diretores Lars Von Trier e Jorgen Leth. O debate contou com a presença de Ana Lúcia Vilela, professora da Faculdade de História da UFG, que contribuiu com uma análise rica e proveitosa para o diálogo com a psicanálise. Trata-se neste filme de cinco desafios que o diretor Lars Von Trier impõe, de um modo que beira o sadismo, ao grande diretor Jorgen Leth. Todavia o desfecho desses desafios, a quinta obstrução, revela que tudo não passou de uma grande homenagem que Lars faz à Jorgen, uma homenagem que valoriza a singularidade do estilo daquele que foi um mestre para Lars Von Trier. O saber da psicanálise permite articular a ideia de que estamos diante do sinthoma, sempre irredutível, de Jorgen. Os trabalhos do Núcleo de Psicanálise e Arte continuarão sempre buscando o diálogo com os produtores de saber da cidade.
Resenha de Cristiano Pimenta.
Acontece em Novembro
- 01/11, às 10hs. A transmissão do Seminário de Orientação Lacaniana da Delegação Geral GO/DF tem um novo formato que oferece aos colegas da DG um envolvimento maior com esse profícuo trabalho. Cada atividade do seminário de OL é composta por dois integrantes da DG que apresentam um conceito, um verbete do livro Silicet - Um Real pra o século XXI. Os Encontros acontecem aos sábados, quinzenais, às 10hs. Para o mês de novembro o primeiro encontro conta com a transmissão de Giovana Heineman e comentários de Denizye para o verbete Falasser. A Atividade é aberta.
- 05/11, às 20hs. A Seção Clínica convida a todos para a apresentação de caso clínico com a analista praticante Jaqueline Coelho, e Rosangela Ribeiro realizará comentários. A atividade acontecerá na sede da DG em Goiânia, às 20hs. A atividade é aberta e gratuita.
- 05/11, 12/11, e 19/11 quartas-feiras, às 16hs. Ateliê de Leituras Preparatórias para o XX Encontro Brasileiro de Psicanálise do Campo Freudiano. A atividade contempla a cada encontro a leitura e os comentários dos textos de orientação que se alinham com o tema do XX Encontro. Para o mês de novembro os textos trabalhados serão de Henri Kaufmanner (Por que a violência?), Fernanda Otoni Brisset (Dessa vida que vai além da vida dos corpos). Os encontros acontecem semanalmente, sob responsabilidade da analista praticante Juliana Melo, na cidade de Anápolis – GO.
Delegação Geral Maranhão
Aconteceu na Delegação
Em outubro a Delegação Geral Maranhão/EBP recebeu dois ilustres convidados: Alberto Saul, participante da Escuela de La Orientación Lacaniana/EOL, trabalhou conosco do dia 17 ao dia 20 de outubro/2014. Nos dias 17 e 18 foram realizados palestra e Seminário sobre o tema da Angústia. Este tema foi abordado tendo como base os conceitos de Freud e Lacan. No dia 17, Alberto falou da Angústia do século XX e seus antecedentes, ressaltou que Freud, através do sintoma, mostra que algo não funciona bem na cultura. Ao falar da Angústia vivida no século XXI, nos diz que hoje as pessoas estão sendo exigidas a se transformarem em unidades de valor. O objeto a do século XXI não é causa de desejo e sim um objeto a ser cotizado, hoje somos tributados pelos certificados dos cursos e seminários realizados. No dia 18, Saul retoma o tema da Angústia, mostrando como esta se apresenta na fobia, histeria, neurose obsessiva, acting out, passagem ao ato (suicídio) e desejo do analista. Dia 20/10, foi a vez da Sessão Clínica, momento em que Alberto Saul comentou dois casos clínicos apresentados por Moacir Col Debella e Anícia Ewerton. Os comentários de Saul foram realizados tomando por base a clínica da Neurose Obsessiva e a clínica do Objeto.
No dia 28 de outubro, o Núcleo de Psicanálise e Cultura, coordenado por Thaïs Moraes Correia, recebeu Petros Stasinos, Psicólogo, Mestre em Psicologia Social da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, para comentar o livro Totem e Tabu de Freud.
Acontece na Delegação
Em novembro, o Curso "Percurso de Lacan: Uma Introdução" continuará a III Unidade do Programa – Tudo está estruturado, mas nem tudo é significante, onde será abordado, por Eduardo Riaviz e Carmen Damous, o tópico "O Gozo Discursivo". Os estudos, discussões e debates continuarão na Delegação Geral Maranhão, em outras datas do mês de novembro, momento em que serão abordados os seguintes temas: Psicanálise e Cultura; Trauma e violência feminina, Psicanálise com criança; Introdução à Freud; Variantes Clínicas do Ensino de Lacan e Textos de Freud: sobre a psicologia do inconsciente.
Delegação Paraná
Encerramos o mês de outubro com o último módulo do Curso Intensivo proposto pela Delegação Paraná intitulado: "Do sintoma ao sinthoma". O curso teve início em abril deste ano e contou com a preciosa transmissão dos colegas sobre esse importante encaminhamento teórico do Último Ensino de Lacan. Os participantes e envolvidos puderam avançar nas construções e conceitos da psicanálise de orientação lacaniana de forma clara e edificante.