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A Psicanálise, a Política, a Escola

Caros colegas, leitores do C.E.,

A menos de uma semana para o término de nossa gestão, não poderíamos deixar de nos expressar, através do veículo próprio da EBP criado por esta Diretoria, quanto ao que nos atravessou e nos orientou ao longo destes dois anos: a política e o que dela faz sintoma. A política tomada em duas vertentes: a primeira no que concerne especificamente à política da psicanálise e o quanto a Escola de Lacan está pensada para sustentá-la e direcioná-la através dos princípios que regem a psicanálise tendo como tecido o discurso analítico.

Testemunhamos em todas as Seções e Delegações da Escola a produção de um trabalho ancorado na Orientação Lacaniana, nosso Um que faz laço em torno do vazio da causa. As inúmeras produções dos trabalhos em cartéis, do trabalho das bibliotecas que não hesitamos em colocar a público aqui; o trabalho com o passe a partir dos AE em exercício, assim como daqueles que já concluíram seus ciclos, mas continuam ofertando reflexões, fortalecendo um dos pilares da Escola.

Ademais, testemunhamos aquilo que cada AME e cada membro da EBP pôde produzir no intuito de manter a Escola como lugar de um debate contínuo frente ao cotidiano sintomático que nos é próprio: produção de trabalho, mas também pontos de tensão.

Iniciamos com uma leitura do funcionamento da EBP, sobretudo no que dizia respeito à presença de seus membros no cotidiano da Escola. Nosso diagnóstico apontava para uma tendência à dispersão fazendo das Seções “lugares de identificações possíveis”, onde prevaleceria uma Escola cuja consistência estaria ligada apenas à representatividade das Seções – uma “Escola-Federação”? Nossa estratégia seria, portanto, isolar esse ponto nodal e fazer o contraponto, privilegiando o trabalho de cada um de seus membros. Certamente, se tratou de uma aposta: “fortalecer o Um da Escola que tem por natureza a força do múltiplo”, com o cuidado de não fazer a confusão com o Um totalizante – a Escola é múltipla e seu Um só pode ser a aposta de cada membro no seu funcionamento. O princípio da “autorização desde si mesmo”, sustentado por Lacan na “Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola”, serviu de bússola para esta empreitada.

 

 

Tentamos ler a Escola, a partir do que nela faz sintoma, desde a perspectiva dos laços de trabalho de cada um de seus membros. Deixo a avaliação do êxito ou do fracasso a cada um dos que compõem nossa comunidade de trabalho.

Uma segunda vertente da política veio também nos enlaçar, esta mais contingente do que aquela: Miller propõe levar a psicanálise à política e “La movida Zadig” e o “Campo Freudiano Ano Zero” passam a compor nosso cotidiano. O instante de ver talvez ainda não tenha se detido, pois temos um tanto de experiências a empreender para podermos começar a compreender esse modo inédito de intervir na política num registro outro que aquele das identificações. O movimento é o contrário: não se trata de levar a política à psicanálise, mas de levar a psicanálise à política. Disso depende nossa própria relação com a psicanálise, com o inconsciente e com a Escola. Daí a renovação dos laços de trabalho dentro da Escola, mas também fora dela. Claro que a pergunta que fica diz respeito à paixão de cada um. Entretanto, a única paixão que cabe ao psicanalista é a da “ignorância”, o que torna necessário, na tarefa de sustentar o discurso analítico no campo político, um trabalho de desidentificação. A psicanálise não é um partido político, tampouco a Escola é seu gabinete. Se como analistas da Escola de Lacan somos preparados para “estar à altura de nosso tempo”, isso implica que façamos dos instrumentos próprios da psicanálise os meios para intervir no Outro, mas na condição de não enxovalhar tais instrumentos: trabalho de extrema delicadeza e complexidade; portanto difícil, senão impossível.

Nosso trabalho executivo se viu atravessado por estas questões o que nos possibilita, hoje, dar o testemunho de que a EBP, nos seus 24 anos de existência estatutária, vibra e ganha força com os frêmitos “estruturais e necessários” do real que a atravessa nas contingências mais ou menos perturbadoras dos dias que correm. Enquanto escrevo essas linhas, chegam notícias, peças soltas, eleições em Israel... Netanyahu irá para seu quinto mandato?

Agradeço à minha sempre companheira de trabalho, Maria do Carmo, que tornou esse Boletim um fato.

 

Luiz Fernando Carrijo da Cunha
Diretor-Geral da EBP (2017-2019)

XI ENAPOL - ENCONTRO AMERICANO DE PSICANÁLISE DE ORIENTAÇÃO LACANIANA

IX EBCF
ÓDIO, CÓLERA, INDIGNAÇÃO: DESAFIOS PARA A PSICANÁLISE


Ódio, cólera e indignação são prevalentes na cena contemporânea. Como interrogam a prática clínica de orientação lacaniana? A leitura do real que se apresenta e as respostas de cada falasser, seja privilegiando a singularidade do corpo próprio, seja na multiplicidade dos corpos políticos, será nossa função destacar durante o Encontro.

 

Informações sobre o evento no site: www.ix.enapol.org
Clique aqui para inscrição online


Vejam o vídeo de apresentação do IX ENAPOL
Elaborado por Marcelo Veras
ASSISTAM AQUI >

IX ENAPOL | ENCONTRO AMERICANO DE PSICANÁLISE DE ORIENTAÇÃO LACANIANA
Encontro Internacional do Campo Freudiano

De 13 a 15 de setembro de 2019
São Paulo - Brasil
Centro de Convenções Rebouças

AÇÃO LACANIANA
Efeito Zadig sobre a EBP: S(Ⱥ)! | Lucíola Freitas de Macêdoleiamais
BIBLIÔ

Uma frágil membrana | Perpétua Medrado Gonçalves leiamais

“A dimensão clínica na prática do CIEN e a interdisciplinaridade”

| Paola Salinasleiamais

 
EXPEDIENTE
| Editoras: Daniela de Camargo Barros Affonso | Eliana Machado Figueiredo | Flávia Cêra | Maria do Carmo Dias Batista (Editora Geral) Conselho Editorial: Diretoria Geral da EBP 2017-2019 | Diretor Geral: Luiz Fernando Carrijo da Cunha | Alessandra Sartorello Pecego
| Henri Kaufmanner | Rodrigo Lyra Carvalho
Design e Editoração: KatiaOliveira
 
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