skip to Main Content

ARGUMENTO

Tratando-se de cartel, ao contrário do que nos diz a matemática, não podemos afirmar que 4+ 1 é igual a cinco. Afinal, não se trata apenas de quantidade, mas de outra lógica. O cartel não é cinco: é um + um + um + um + um e um vazio. Trata-se de um vazio de saber em torno do qual se orientará um trabalho coletivo, mas não sem a enunciação singular de cada cartelizante.

Sustentar o vazio de saber, ou seja, consentir com o fato de que o saber é sempre inconsistente, é o pressuposto para o trabalho de cartel. Somente a partir daí, cada um de seus componentes poderá formular uma questão, lançando-se a investigação que é individual, ao mesmo tempo que é também construída coletivamente. Assim, com base nessa conversação em que cada um contribui com sua enunciação, se estabelece o processo de construção de saber neste dispositivo.

Miller(2010), retoma o que seria a conversação em uma perspectiva psicanalítica: “O que é uma conversação? É por em ato a dessuposição de saber a alguém. Uma conferência não, uma conferência encarna a suposição de saber de alguém. A conversação (…) supõe sempre que o outro tem algo a dizer(…) A chave é assegurar que sempre resta algo a ser dito(…)Significa que ninguém na sua demonstração de saber, feche a boca do outro”. (Miller, 2010, p. 89)

Não é justo isso que constitui o trabalho de cartel? A conversação é a base do cartel, no sentido de que não há cartel se não há conversação. Se alguém se coloca como mestre para dar a última palavra, o cartel tende a fracassar, pois sua premissa de funcionamento reside no fato de que todos têm algo a enunciar sobre um certo tema. O vazio de saber, portanto, é o que permite o enlaçamento de cada um dos integrantes deste dispositivo em torno de uma conversação que o ultrapassa e ressoa na Escola. Como nos lembra Tarrab (2023), o cartel é a sede de uma fluida e variada conversação que se sustenta a partir dos efeitos da orientação analítica.

Apostando no vivo das transmissões singulares tecidas no coletivo do cartel e suas incidências no trabalho de escola, a Diretoria de Cartéis e Intercâmbio da EBP-BA convida cada um a entrar nessa conversação!

A Jornada será realizada presencialmente nos dias 10 e 11 de outubro na sede da EBP-BA, com transmissão online. Contaremos com a presença do convidado Maurício Tarrab (AME EOL/AMP).

Referências
LACAN, Jacques. Ato de fundação. In: _. Outros escritos. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
LACAN, Jacques. Décolage. [S.l.]: Escola Brasileira de Psicanálise, 1980. Disponível em: https://ebp.org.br/wp-content/uploads/2024/02/22DEcolage22-Jacques-Lacan.pdf. Acesso em: 28 jun. 2025.
MILLER, Jacques Alain. La singularidad del síntoma. Conferencias porteñas. Vol. 3. Buenos Aires: Paidós, 2010.
TARRAB, Mauricio. El decir y lo real: hacer escuchar lo que está escrito. Buenos Aires: Grama ediciones, 2023.


Destacamos as informações sobre a Jornada e envio de trabalhos:

Jornada de Cartéis 2025: 4+1 não é igual a 5: Uma questão de conversação
Data: 10 e 11 de outubro de 2025

Envio de trabalhos:

  • O trabalho deve ser enviado por e-mail para o seguinte endereço: carteisebpbahia@gmail.com.
  • Com objetivo de privilegiar a conversação, o limite máximo para o trabalho é de 5000 caracteres com espaço. Fonte Times New Roman 12, espaçamento de linhas 1,5.
  • Data limite para envio de trabalhos: 10/09/25.
  • Colocar no assunto do e-mail: Jornadas de Cartéis EBP 2025.

Incluir no corpo do e-mail:

  • Tema do cartel, nomes do cartelizantes especificando quem ocupa função de “mais-um”.
  • No arquivo do texto: título e autor.

Obs.: A confirmação da apresentação do trabalho se dará após o envio e admissão do mesmo.

Outras orientações:

  • O texto a ser apresentado deve ser produto de um cartel.
    Os trabalhos que pretendem abordar casos clínicos devem privilegiar o formato de vinheta clínica, com atenção para informações sigilosas. Solicitamos aos autores dos trabalhos que seja informada a modalidade de participação (presencial ou online).
    Em caso de dúvidas, envie e-mail para carteisebpbahia@gmail.com.

Esperamos por você!

Comissão da Diretoria de Cartéis e Intercâmbio da EBP-BA
Julia Solano, Camila Abreu, Camilla Costa, Graziela Pires, Liliane Sales e Wilker França.

PROGRAMA

10/10 – SEXTA-FEIRA

15h00 – Abertura

  • Marcelo Magnelli (EBP/AMP – Diretor Geral da EBP-BA)
  • Julia Solano (EBP/AMP – Diretora de Cartéis e Intercâmbio da EBP-BA)

15h15 – Mesa 1 – Ressonâncias do Um

    • Coord. Liliane Sales (IPB)
  • Mariana Fernandes – O corpo que se escreve: entre o ser e a letra no percurso analítico
  • Julia Rezende (IPB) – A clínica do instante
  • Beatriz Rebouças  – Existência e singularidade
  • Lígia Amorim (IPB) – Topologia

16h30 – Um sopro de entrada: prelúdio à conversação

  • Coord.: Camilla Costa (EBP/AMP)
  • Êxtima: Carla Fernandes (EBP/AMP)

 O cartel e o novo na Escola

Apresentam:

  • José Augusto Rocha(NPJ) – O novo na Escola
  • Marília Santiago(IPB- NPJ) – Quem forma a Escola?
  • Camila Abreu(IPB-NPJ) – O desejo de Escola e o cartel como órgão de base na formação

Cartel: órgão de base da Escola

Apresentam:

  • Raquel Matias (IPB) – Da chama viva da letra ao desejo de saber: o Mais-um em cartel
  • Clara Valverde (IPB-NPJ)- O que dizer do efeito de formação?
  • Ana Paula Menezes: O cartel entre discursos: qual o saber em questão?

18h00 – Coffee Break

18h30 – Conferência com Maurício Tarrab (EOL/AMP)

  • Coord. Julia Solano (EBP/AMP)

 

11/10 – SÁBADO

8h30 – Mesa 3 – A mãe, a mulher e o amor

    • Coord: Sônia Vicente (EBP/AMP)
  • Cintia Stauffer (IPB)- Quais seriam as consequências do desejo anônimo da família em relação à criança?
  • Ana Paula Gonsalves – Mãe crocodilo do séc. XXI
  • Milla Evans  (IPB)– Baile sem máscaras
  • Marie Christine Giust – Lalíngua e corpo falante

9h45 – Mesa 4 – Desejo do analista: operador do discurso analítico

    • Coord.: Camila Abreu (IPB- NPJ)
  • Cláudio Melo (IPB) – Desejo do analista: um percurso cronológico e lógico
  • Magali Cabral – Uma Flor-poema
  • Marco Antônio Nunes da Silva – Entre a teoria e a prática: implicações da Proposição de 9 de outubro de 1967 para o psicanalista da Escola
  • Rafael Chaves  (IPB)– Um comentário do livro ‘Discursos que atrapan cuerpos – del lazo social a la composición interdiscursiva”

11h – Intervalo

11h15 – Da forma ao “em-fôrma”: novas configurações para o cartel?- Conversação com Maurício Tarrab (EOL-AMP)

    • Coord. Marcelo Magnelli(EBP/AMP)
  • Intervêm:  Iordan Gurgel (EBP/AMP) e Wilker França( IPB)

12h45 – Almoço

14h15 Mesa 5 – A arte e seus objetos

    • Coord. Graziela Pires (IPB)
  • Fábio Matos – Parte do meu caminho pela pulsão até o inconsciente
  • Liliane Sales (IPB)– A voz da música como escuta do indizível
  • Camila Lira – A arte enquanto acontecimento

15h15 Mesa 6 – Interpretação e corte

    • Coord. Pablo Sauce (EBP/AMP)
  • Camilla Costa (EBP/AMP) – A opacidade nas voltas do sentido
  • Raphael Gadelha (IPB)– O discurso analítico curto circuita o pensamento
  • Vanessa Farias (IPB) – As entrevistas preliminares e o ato analítico
  • Marluce Carvalhal (IPB)– Preciso falar sobre isso…

16h30 Coffee Break

16h45 Mesa 7 – A clínica do excesso

    • Coord.: Rogério Barros (EBP/AMP)
  • Lara Cedraz (IPB)– Pa la dá infantil
  • Fernanda Dumet (IPB) – A entrevista preliminar com adolescentes na clínica do excesso: borda, ato, nomeação e função do significante
  • Fátima Sarmento (EBP/AMP) – O objeto “nada” na psicose ordinária

17h45 – Encerramento

  • Julia Solano (EBP/AMP)
Back To Top