por José Ronaldo[1]

O artista paraibano Jessier Quirino, define-se como “arquiteto por profissão, poeta por vocação e matuto por convicção”. Ele também é compositor e intérprete, nasceu em Campina Grande e reside atualmente na cidade de Itabaiana, PB. Enveredou-se pelas palavras e se guia à luz dos candeeiros, anunciando pelas frestas das Agruras da Lata D’água (1998) onde nasce a Paisagem do Interior (1999) e o desenho xilográfico de seus encantos pelo olhar astuto do matuto. O antigo, a Prosa Morena (2001), a Política de Pé de Muro (2002), as botijas, a mocinha, entre outros elementos, ganham palco em seu âmago tom intimista. Sua poesia é influenciada pela Bandeira Nordestina (2006) dos repentistas, cordelistas, emboladores, cantadores de viola e de histórias, pela força de um Berro Novo (2010) que sopra a favor do vento feito Papel de Bodega (2013) anunciando Os Vizinhos de Grito (2013) e Eu parece até que tô vendo (2024) o riso solto se escrevendo.
Jessier também se aproxima em um lugar em que“o amor é um seixo rindo ao sol[2]” — e por que não um sol que toca o Oceano Atlântico, localizado no ponto mais oriental das Américas, nos dias 13 e 14 de dezembro?
Paixão de Atlântico na beira do mar[3]
De lenda e sereia a moça se agacha
E põe-se ditosa a me baldear
Um fogo de afago me faz fervilhar
Borbulhas de flauta perfume reseda
Uma pele macia – qual capa de seda
Dos amendoins no afã de torrar
No raso das águas se faz cobrejar
Em colcha de espuma de puro chenill
E o “A” de paixão se afoga no til
Na onda de Atlântico da beira do mar
[1] Participante da NPJ da EBP.
[2] LACAN, Jacques. Escritos. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. p. 601.
[3] QUIRINO, Jessier. Política, pão e poesia. Campina Grande: Editora Trema, 2009. p. 76
This Post Has 0 Comments