Por Anderson Barbosa

Paraibano nascido no Engenho Pau d’Arco, atualmente município de Sapé, Augusto dos Anjos (1884-1914) estudou direito em Recife e, com apenas 30 anos, faleceu em Minas Gerais vítima da pneumonia. Deixou apenas uma obra, Eu e outras poesias, que tem até hoje um grande impacto na literatura brasileira e paraibana, sendo considerada uma das grandes obras pré-modernas. Augusto dos Anjos mescla um estilo da época clássica com o interesse da era moderna pelos temas sombrios, pelo universo, pelo corpo humano e suas partes anatômicas. Na poética deste Hiante 3 damos passagem a um de seus poemas:
O lamento das coisas, de Augusto dos Anjos[1]
Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,
O choro da Energia abandonada!
É a dor da Força desaproveitada,
– O cantochão dos dínamos profundos.
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do Nada!
É o soluço da forma ainda imprecisa…
Da transcendência que se não realiza…
Da luz que não chegou a ser lampejo…
E é, em suma, o subconsciente aí formidando
Da Natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!
This Post Has 0 Comments