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Homenagem a Rosane

Maria Eliane Neves Baptista

Minha amizade com Rosane surgiu a partir da parceria de trabalho construída aos poucos, alicerçada pelo afeto, respeito e pela admiração. No trabalho conjunto planejávamos atividades a fim de que os conceitos psicanalíticos fossem transmitidos de forma clara, porque considerávamos essa a forma de despertar o interesse pela Escola Brasileira de Psicanálise, naqueles que se aproximavam por meio dos cartéis ou dos Cursos de Extensão.

Rosane primava por uma comunicação que fluísse de forma leve e facilitasse as trocas teóricas entre os que frequentavam a Seção.

A palavra que melhor define Rosane é solidariedade. Nunca recorri a ela para substituir-me no desempenho de qualquer função sem que ela contornasse as próprias dificuldades para atender as minhas solicitações e de todas as pessoas que a ela se dirigiam.

Frequentemente nos comunicávamos, porque sempre surgia alguma coisa da vida ou da profissão para dividirmos. Nessas trocas, em que compartilhávamos ideias, conhecimento ou descobertas, uníamos a criatividade de uma com a objetividade da outra, e assim convivíamos com as diferenças que resultavam em uma produção permeada, muitas vezes, por brincadeiras entre nós.

Na condição de amiga, ela sabia como ninguém demonstrar interesse pelos problemas do outro, tentando ajudar, estivesse ao seu alcance ou não, sem ser invasiva, ao contrário, com discrição, uma das características que mais chamavam a atenção dos que tiveram a sorte de desfrutar de sua amizade. Sempre havia um “vamos ver como a gente resolve isso”.

Em nossas conversas, ou em nossas confidências, ela não minimizava os acontecimentos angustiantes que a vida impôs, mas enfrentava com bravura, sem recuar, mesmo quando parecia impossível ultrapassar a dificuldade.

Na minha convivência com Rosane, permaneceu, até os últimos dias de sua vida, até a nossa última conversa – 20 dias antes de seu falecimento – a presença da amiga grata e da profissional responsável que, diante de sua limitação, lamentava não conseguir cumprir suas atribuições. O compromisso com a psicanálise se fez presente até o fim. Pediu-me para suprir sua ausência e substituir o insubstituível.

Não conseguirei, minha amiga.

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