Para Rosane da Fonte (in memoriam) Cassandra Dias O texto freudiano “Além do princípio do…
Editorial Boletim Litorâneo #03
Cassandra Dias – Diretora de Biblioteca
A roda do Chronos está girando veloz e seguimos com ele. Ainda cautelosos, um pouco mais adaptados ao funcionamento remoto, aguardando o avanço da imunização para podermos saber então, sobre a saída do túnel. Como será a vida pós COVID e as consequências para os viventes, recolhidas pelos psicanalistas?
Nessa edição do Litorâneo, contemplamos os dois pilares da formação do analista na Escola de Lacan: cartel e passe.
A noção de resto é articulada por Cleyton Andrade, seja na referência ao bagaço da cana – resgatando esse elemento em torno do qual a identidade cultural do Nordeste se constituiu – seja na literatura do testemunho que referencia uma doutrina do passe. Em uma fina elaboração entre o poético e o político, ele situa a importância do resíduo inassimilável e seus destinos, tema da atividade Lições do Passe.
O dispositivo do cartel é apresentado por Claudia Formiga em sua articulação com a Escola situando-o como porta de entrada para a produção de saber, apresentando de maneira muito criativa um mural eletrônico para o “Procura-se cartel”, tirando consequências do aparato virtual. O match via WhatsApp colocado a serviço da psicanálise é emblemático das invenções que os psicanalistas estão fazendo nesses novos tempos.
Ainda sobre o que resta, sobre aquilo que se deposita e reverbera a partir da transmissão da Psicanálise, Paulo Carvalho e Pauleska Nóbrega trazem ressonâncias da Noite de lançamento da I Jornada da Seção Nordeste, apontando para os desdobramentos que podem advir de um trabalho de elaboração coletiva em curso.
Que esse continente litoral que delineia esse território vivo, continue a ser abrigo frente ao mal estar da cultura e que possamos seguir nessa trilha, dando um destino aos nossos restos.