Késia Ramos (EBP/AMP) Nesta edição do Litorâneo #17, a construção da editoração imagética nos…
Diversificación del Uno
Margarida Assad (coordenadora)
Marina Fragoso, Nelson Matheus, Regileide Lucena, Suele Conde, Ana Ocileide, Marina Cursino, Vanessa Soares e Wilson Lima (elaborador do texto)
As discussões do capítulo 16 do curso “Todo mundo é louco” de Miller permitiram que os participantes do GT se aprofundassem em alguns dos temas trazidos por Miller nesse capítulo, produzindo, a cada encontro, a satisfação necessária para que pudéssemos extrair alguns pontos do texto que orientassem a nossa leitura.
Inicialmente, a diferença entre o sotaque quebequense e o sotaque francês animou as discussões. Essa especificidade que marca as línguas se traduziu na especificidade da clínica do 388, um “Centro psicanalítico de atendimento integral a psicóticos” situado no Quebec.
Acompanhando o que Miller nos apresenta no texto, surgiram várias questões a respeito do tratamento das psicoses no 388. Particularmente no uso dos sonhos e das associações livres como forma de contradizer o delírio a fim de obter um efeito de apaziguamento.
Nos perguntamos, então, como inovar em psicanálise sem se distanciar dos seus princípios fundamentais. A “diversificação do uno”, de que trata Miller no título do capítulo, diria respeito às múltiplas práticas da Escola Una, com cada Escola operando à sua maneira, sem standard, mas sempre orientadas pela ética da psicanálise?
Retomando a afirmação de Lacan de que “todo mundo é louco, isto é, delirante”, Miller destaca que a loucura de que se trata nessa afirmação de Lacan é a loucura do ser falante em produzir saber diante do real. Diante da perplexidade frente ao S1, significante fora de sentido, o sujeito se defende produzindo S2 e, ao produzir saber, delira. Eis aí a loucura de todo mundo: produzir sentido frente ao fora de sentido.
Dizer que “todo mundo é louco” implicaria, então, em afirmar que não há diferença entre neurose e psicose? O caminho traçado por Miller nos leva à sutileza dos detalhes das psicoses. Há, na psicose, uma perplexidade diante de um significante que se destaca da cadeia significante. Assim, no tratamento das psicoses, cabe ao analista seguir o saber que o sujeito produz, sendo o secretário das elaborações que poderão permitir ao sujeito inventar um enodamento com o qual ele possa se arranjar.