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Jornada de Cartéis e Intercâmbio da Seção Nordeste EBP-NE

Data: 04 de outubro de 2025

Entre o múltiplo e o Um: o cartel na Escola

Convidado: Bernardo Carneiro (EBP/AMP)

INSCRIÇÃO
  • Envio de trabalhos:  data prorrogada até 22 de setembro.

    Enviar o texto para o email: diretoriacarteisnordeste@gmail.com

  • Normas de envio do trabalho:
    • O trabalho deve ser fruto da experiência do cartel. Recomendamos ter sido lido no cartel e discutido antes do envio, e revisado. Caso o cartel seja clínico, privilegiar o uso de vinheta, ao invés de caso clínico.
    • O arquivo deve possuir no máximo 4500 caracteres com espaço. Fonte Times New Roman, espaçamento de linha 1,5.
    • Colocar no campo do assunto do email: Jornada de Cartéis da Seção Nordeste
    • Incluir no corpo do email:
      Tema do cartel, nome dos cartelizantes e do +1
      No arquivo do texto: título e autor

Diretoria de cartéis e intercâmbio
Comissão científica: Comissão científica: Eliane Baptista (EBP/AMP), Karynna Nóbrega (EBP/AMP), José Augusto Rocha (NPJ), Marina Fragoso (NPJ) e Ana Ocicleide.
Grupo de trabalho: Karynna Nóbrega (EBP/AMP), José Augusto Rocha (NPJ), Marina Fragoso (NPJ), Ísis Maurício e Ana Ocicleide.

ARGUMENTO

Entre o múltiplo e o UM: o cartel na Escola

 Cláudia Formiga (EBP/NE)

Foi com alegria que aceitei o convite de Karynna Nóbrega para escrever o Argumento desta III Jornada de Cartéis da Seção Nordeste. Para mim, uma oportunidade preciosa de aprender com a tarefa que me foi confiada, de pensar o cartel em sua articulação ao Um e o múltiplo, um tema que toca diretamente à formação do analista e ao conceito de Escola.

Com o convite, veio também o cartaz da Jornada. Nele, me encantou a imagem da toalha de mesa com seus fios, as cores vivas… A trama delicada do filé — um artesanato muito apreciado aqui no Nordeste, em que cada fio se enlaça a outros, sem que se perca de vista o seu matiz original — me pareceu uma feliz escolha para ilustrar o trabalho em cartel, que também se faz de singularidades entretecidas.

 “Para a execução do trabalho, adotaremos o princípio de uma elaboração apoiada no pequeno grupo. Cada um deles (…) se comporá de no mínimo três pessoas e no máximo cinco (…). Mais-um encarregado da discussão, da seleção e do destino a ser reservado ao trabalho de cada um”.[i]

No conceito de Escola está incluída a causa do desejo de saber, que constitui o desejo do analista como tal. É no cartel que o desejo de saber e a elaboração singular adquirem valor de uma transferência de trabalho, a partir do enlaçamento com outros. O cartel abriga, assim, a tensão entre o um e o múltiplo, na medida em que acolhe a singularidade e promove a sua ressonância no laço coletivo.

O Um de que se trata não é o da identidade ou da totalidade, mas Um do gozo, sempre êxtimo, Um sozinho que se encontra na experiência de análise e que insiste como marca singular. O múltiplo, referido aqui à Escola, se constitui não como “instituição”, saber acumulado do qual se espera um ensino, mas como um conjunto aberto, onde as singularidades podem vir a se enlaçar, sem se fundir. A Escola de Lacan coletiviza, não identifica, não produz “iguais”.

O saber, na Escola de Lacan, se produz pela extração de um real. E desde o seu “Ato de fundação”, Lacan colocou em sua base o cartel. Entre os princípios fundadores, com que deu partida a essa sua “invenção totalmente nova”, o cartel foi a resposta de Lacan, em termos coletivos, aos modos como real se apresenta em sua Escola. São esses princípios que, retomados por Miller em sua tese da Escola como sujeito (e como tal, interpretável analiticamente), que o farão designar a comunidade dos analistas como uma reunião de “uns-sozinhos”:

“uma reunião de solidões, ou melhor, uma série de exceções, de solidões incomparáveis umas às outras, todas são solidões estruturadas como solidões, quero dizer como sujeitos barrados, fixados a significantes mestres e habitados por uma extimidade de um mais-de-gozar particular de cada um.”[ii]

Uma formulação que nos permite situar como causa a relação de cada analista com a Escola. No centro, o real da formação como um ponto de impossível, em torno do qual se articulam as análises, as supervisões e a produção de saber, sempre atravessadas pela transferência, tanto na sua dimensão individual quanto coletiva. O cartel, enquanto “célula mínima” da Escola, é um lugar onde o Um do sintoma encontra o múltiplo da transferência de trabalho. Nesse dispositivo, é entre o Um e o múltiplo que se estabelece de modo privilegiado a relação da Escola com o real que a determina, em uma experiência de formação que embora no espaço do coletivo, é atravessada pela elaboração singular e pelo furo no saber.

Como fazer laço sem fundar um universal? O cartel como pilar da formação, seria esse lugar onde a Escola se reconhece em sua condição de sujeito? De que modo, no cartel, se atualiza o conceito de Escola? Que essas e outras questões sejam convocação ao trabalho! Que os fios que compõem a toalha de filé, cuja imagem ilustra o nosso cartaz sejam inspiração para a tessitura de trabalhos, elaborações singulares, produtos de cartel endereçados a nossa III Jornada.

Provocados pela aposta desta Jornada, chamamos cada um ao trabalho, para que possamos extrair dela os efeitos sempre atuais de pensar e praticar o cartel como núcleo vivo da Escola.

 


[i]LACAN, J. – “Ato de fundação”.

[ii]MILLER, J-A. “Teoria de Turim”. Disponível In:  http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_21/teoria_de_turim.pdf

PROGRAMA

9h às 9h 30
Recepção dos participantes

9h 30 às 10h
Conferência de abertura com o Convidado: Bernardo Carneiro (EBP/AMP) Atual Diretor de Cartéis da Seção Minas
Coordena: Karynna Nóbrega (Diretora de cartéis e intercâmbio da Seção Nordeste)

10h às 11h
Mesa 1 – O Cartel e a Formação do Analista
Coordena: Erick Leonardo Pereira

Cartelizantes:

      • Ana Stela Sande – Uma experiência de cartel na Escola
      • Marcela Baccarini – A formação do analista: entre o cartel e a Escola
      • Aline Fonseca – O buraco no saber, uma brecha…
      • Liège Uchôa – A Experiência em Cartel: um esforço de poesia

11h às 12h
Mesa 2 – O Saber no Discurso Analítico
Coordena: Cleide Pereira

Cartelizantes:

      • Luísa Fromer – Até aqui
      • Marina Fragoso – O não-saber, o analítico, a causa analítica: o que nos relança ao divã
      • Karynna Nóbrega – Escrever: um modo de usar alíngua?
      • Ana Aparecida Rocha – Falar sobre transferência ajuda a sair do inferno?

12h às 12h 40
Mesa 3 – Arte, Cultura e Psicanálise
Coordena: Marina Fragoso

Cartelizantes:

      • José Ronaldo de Paulo – “Eu quero ser o que você viu em mim”
      • A. Júlio Garcia Freire – Don Juan entre o gozo, o desejo e o amor
      • Ana Paula Oliveira – O neologismo lacaniano condançação, o corpo e a dança

14h às 15h
Mesa 1 – A Psicose e os Novos Arranjos
Coordena: Elizabete Siqueira

Cartelizantes:

      • Samuel Freitas – Uma estabilização nem tão boa assim
      • Paulo Medeiros – µmα n0ν4 €scrĮTǺ
      • Sarah Ruth Ferreira Fernandes – Psicose ordinária: Uma contribuição para uma clínica continuísta
      • Ísis Maurício – Entre Nós e Enlaces: Tessituras sobre a Psicose Ordinária

15h às 16h
Mesa 2 – Saber Fazer com o Real
Coordena: Anna Luzia de Oliveira

Cartelizantes:

      • Luma Oliveira – Primeiro ato, último efeito
      • Pauleska Asevedo Nóbrega – Quem testemunha um final?
      • Ana Paula Menezes – O cartel entre discursos: qual o saber em questão?
      • Wilson Lima – Um-equívoco novo, um significante novo

16h às 17h
Mesa 3 – O Feminino e o Último Ensino de Lacan
Coordena: José Augusto Rocha

Cartelizantes:

      • Juliana de Castro Teixeira – O parceiro sintoma na psicanálise
      • Sílvia Gusmão – Devastação na relação mãe-filha
      • Margarida Elia Assad – A identificação: semblante para o real
      • Vânia Ferreira – Para além do Inconsciente Freudiano

17h – Encerramento:
Com a palavra a Diretoria (Margarida Assad – Diretora da Seção Nordeste)

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