skip to Main Content

A interpretação das psicanálises 

Elizabete Siqueira (coordenadora)
Ana Aparecida, Carlange Castro, Karynna Nóbrega, Késia Ramos, Mariana Guerra, Paulo Carvalho e Rogério Tomaz

Por meio do trabalho de leitura e das reuniões fundamentados no texto A interpretação das psicanálises do curso Todo el mundo es loco, Miller problematiza que há uma demanda do poder público para regulamentar a psicanálise e a sua prática. A lição 12 está dividida em três seções, a saber: a responsabilidade do analista, interpretar em tempos de resistência e, por último, a interpretação com o passe.

No primeiro ponto, A interpretação da psicanálise, Miller problematiza que a psicanálise é suscetível de ser interpretada. Com isso, adverte que a psicanálise varia de acordo com o tempo e em função dos efeitos da prática psicanalítica, sobre a própria psicanálise. Dessa forma, esclarece que o psicanalista é aquele que no lugar de ensinante e por meio da sua clínica transmite o vivo da psicanálise: a experiência do real. Há que se ter responsabilidade com o dito na transmissão, o ensinante mostra a importância do desejo do Outro e é responsável pelo efeito de palavra que produz. As obras de Freud e de Lacan são interpretações da própria psicanálise ao longo do tempo. Lacan se dedicou a isso por 30 anos sem nunca dizer que havia chegado a um fim, ele seguiu os passos de Freud e fez uma leitura dos sintomas de sua época.

Segundo aspecto. Interpretar em tempos de resistência. O que isso quer dizer? Constata-se que houve uma mudança no modo de interpretar psicanaliticamente, a direção está em relação ao real e ao sem sentido. A relação com a palavra mudou, tornou-se fluida e a forma de interpretar tornou-se breve. A comunidade analítica percebeu que era necessário rever o modo de interpretação. A partir do Discurso de Roma, Lacan retoma a virulência da palavra e aposta na dimensão da satisfação pulsional num retorno a Freud por meio da docilidade da interpretação, dando ênfase não ao eu, e sim ao sujeito dividido a partir da lógica, que lê o inconsciente como primeiro intérprete.

A interpretação com o passe. Consideramos esse aspecto uma das pérolas do texto, uma vez que Miller atribui ao passe a função de transmissão da psicanálise pela via do singular de cada caso, momento em que se apresenta a fixação e os modos de gozo. Invenção possível diante da experiência da fixação de gozo por meio de uma hystoricização que permite considerar a dimensão do saber não todo e do caráter alusivo. Miller retoma o que Lacan propôs em 1953, indicando sustentar o caráter alusivo mesmo num relato de passe, apresentando à comunidade analítica o grão de loucura que constitui uma análise, advertidos de que não podemos dizer tudo.

Por meio da apresentação de Sérgio de Matos intitulada A escolha pelo passe, na atividade da Seção Nordeste, por meio da plataforma Zoom, realizada no dia 19 de abril de 2023 às 20hs, na sua transmissão enquanto AE nos ensina que:

Primeiro, o passe é uma escolha e tem seu preço.

Segundo, apostar no passe é apostar no futuro da psicanálise, é apostar num novo amor à Escola, no sentido de fazer a Escola e de demonstrar gratidão.

Terceiro: o passe não é sem o Outro. O trabalho de análise promoveu uma mutação no laço com o Outro.

Em resumo, por meio do trabalho de leitura de Miller nesta aula e da transmissão de Sérgio podemos destacar que a psicanálise depende do real, e o passe permite ler a Escola como sujeito dividido, para tratar a dimensão do real, que nela existe para que com isso a psicanálise continue existindo e dando testemunho dessa experiência como o saber fazer com o real.

Back To Top