
Boletim Litorâneo #16 – janeiro 2025
EDITORIAL
O estilo que faz Escola
Késia Ramos – EBP/AMP
Esses tais artefatos que diriam minhas angústias, tem umas que vêm fácil, tem muitas que me custa. Tem horas que é caco de vidro, meses que é feito um grito, tem horas que eu nem duvido, tem dias que eu acredito. Então seremos todos gênios quando as privadas do mundo vomitarem de volta todos os papéis higiênicos. (Paulo Leminski)
Assim como na poética de Leminski, o trabalho do cartel é feito de cortes, costuras e invenções que dão forma ao indizível. É nesse movimento que a II Jornada de Cartéis da Escola Brasileira de Psicanálise – Seção Nordeste se realizou, reafirmando o cartel como dispositivo essencial para a formação e transmissão em psicanálise.
Apresentação da Jornada
Liège Uchôa – EBP/AMP
Diretora de Cartéis e Intercâmbio da EBP Seção Nordeste
É com imensa alegria que abrimos nossa jornada de cartéis!
Começo pelos agradecimentos.
A Marilsa Basso, por sua inteira disponibilidade para esse momento! Aproveito para agradecer também por seu trabalho à frente da Diretoria de Cartéis e Intercâmbio da Escola Brasileira de Psicanálise. Docilidade, construção coletiva e presença permanente é o que vem nos ensinando nesse período.
O produto do cartel: seu escrito, um estilo
Marilsa Basso – EBP/AMP
Diretora de Cartéis e Intercâmbio da EBP
Surpreendida por esse tema formulado pela Comissão de Cartéis e Diretoria da Seção Nordeste de nossa Escola Brasileira, trago uma pequena articulação que vocês me permitiram fazer em torno do que podemos especificar, no esforço de uma diferenciação sustentada, em torno do produto do cartel, esse dispositivo genial que Lacan inventa, bem ao seu estilo.
Aquilo que repercute
Cassandra Dias Farias – EBP/AMP
Diretora Geral da EBP Seção Nordeste
Lacan inicia sua coletânea dos Escritos com a seguinte frase: “O estilo é o próprio homem”. Em outubro de 1966, entrega o compilado de uma produção com estilo único, singular. E continua:
É o objeto que responde à pergunta sobre o estilo que formulamos logo de saída. A esse lugar que, para Buffon, era marcado pelo homem, chamamos de queda desse objeto, reveladora por isolá-lo, ao mesmo tempo, como causa do desejo em que o sujeito se eclipsa e como suporte do sujeito entre verdade e saber. Queremos, com o percurso de que estes textos são os marcos e com o estilo que seu endereçamento impõe, levar o leitor a uma consequência em que ele precise colocar algo de si.
Quanto menos tempo o tempo menos tem? Infâncias
José Ronaldo de Paulo
O entendimento para se designar a criança na contemporaneidade é impactado pelos tempos que correm, como diz Lacan, e é na certeza antecipada pelo sujeito no tempo para compreender onde precipita o momento de concluir. Nesse contexto, pode-se perguntar se o tempo hiperativo não é também um tempo fora do tempo, difratado em múltiplos sistemas de gozo que implicam objetos…
Histeria Masculina? Considerações sobre a direção do tratamento
Marina Fragoso – Participante da NPJ
Cartel: Histeria Masculina, mais-um: Jorge Assef
Adicionar a terminalidade masculina para pensar a histeria seria redundante quando vamos mais além do Édipo em direção à sexuação? É a partir dos adereços da feminilidade que a histeria se defende do feminino através do seu padecimento à flor da pele que tenta dar consistência a um corpo. A respeito disso, Recalde pontua: “O sujeito histérico faz um uso peculiar, por exemplo, da estruturação de um corpo…
Os jovens e o saber: uma porta
Nelson Matheus Silva – Participante da NPJ
Cartel: Nova Política da Juventude – O ensino da Psicanálise e a formação do analista, mais-um: Sérgio Laia AME EBP/AMP
Este trabalho é produto de um Cartel em curso intitulado O ensino da Psicanálise e a formação do analista, cujos componentes são Paula Noquet (colega de Joinville/NPJ), Cristiane Barreto (EBP/MG), Claudia Santana (EBP/SP), Sergio Laia (AME da AMP/EBP/MG e +1) e eu. Nosso Cartel é vinculado à Nova Política da Juventude, formado de um modo próprio, eu diria que ele entra na categoria de multi-uso…
Os abonados do inconsciente e seus grampos
José Augusto Rocha – Participante da NPJ
Cartel: O que há de novo no contemporâneo?, mais-um: José Augusto Rocha
Duas frases
Para começar, gostaria de contar uma breve história anedótica. Certa vez, James Joyce e Ezra Pound encontraram-se. “‘Tenho trabalhado duro em Ulisses, disse James Joyce. ‘Escrevendo muito?’, perguntou Ezra Pound. ‘Duas frases’, disse Joyce. Pound, então, percebeu que Joyce não estava gracejando. ‘À procura do mot juste?’; ‘Não’, respondeu Joyce. ‘Já sei as palavras. O que procuro é a ordem certa delas na frase'”.
