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Psicanálise, violência e um Elephant na sala1

litoraneo011_003Késia Ramos

Boa noite, colegas, sejam bem-vindos a mais um encontro da conversação do Cinema com a Psicanálise da Seção Nordeste.

Gostaria de agradecer a diretoria da Seção pela oportunidade da coordenação, a diretora Cleide Monteiro, da qual a atividade está na rubrica da Diretoria de Biblioteca e aos colegas aqui presente.

Um muito obrigada ao apoio da Rede do cinema e psicanálise da Fapol na EBP, sob coordenação da Ondina Machado e as queridas colegas e parceiras de trabalho da comissão da rede.

A convidada da noite é a Nohemí Brown, psicanalista praticante, membro da AMP e da EBP, coordenadora da Nova Rede CEREDA do Brasil, com vasta experiência na área Clínica infantil, autora de textos que destacarei o prefácio do livro O sofrimento Psíquico de Jovens no Espaço Universitário, organizadoras Ilka Ferrari e Aline Mendes. Autora do livro Lacan y Dali: dos obras, dos caminos, un encuentro. E atualmente, está como responsável na EBP pelo XI ENAPOL Começar a se analisar.

Seja muito Bem-vinda, Nohemí. O meu muito obrigada por aceitar o convite para a atividade do Cinema e Psicanálise da Seção Nordeste.

A obra cinematográfica que hoje traremos para a conversação é o Elephant, ano 2003, do diretor americano Gus Vant Sant. O filme de origem americana foi vencedora da Palma de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Cannes, por melhor filme e direção.

O roteiro do longa-metragem “Elephant” baseia-se no massacre de Columbine ocorrido no Columbine High School, nos Estados Unidos em 1999. A ficção recorda por vezes as elipses narrativas deste dia fatídico.

O script elucida a parábola Os Cegos e o Elefante. Tal parábola cruzou muitas tradições religiosas e faz parte dos textos jainistas, hindus e budistas. A premissa é sobre um grupo de cegos que examinam várias partes de um elefante, descrevendo de acordo com a parte que tocou – a pata, a cauda, a orelha ou a tromba –, mas nenhum é capaz de imaginar o animal em sua totalidade.

A película do ponto de vista técnico e fílmico é dirigida em planos fechados ao som das sonatas Moonlight e Für Elise de Beethoven. A câmara segue pelos corredores da escola, exibindo ao telespectador cada personagem, que são estudantes adolescentes e seus paradoxos. Uma atmosfera dramática com citação de Shakespeare, bullying, incendiários, bulimia, site de venda de armas, violência etc.

Há pouquíssimos diálogos no filme. No entanto, é justamente pela escassez de diálogos e a soberania do silêncio perturbador que refletimos mais sobre cada personagem que surge.

Eeny, meeny, miny, mo

Catch the tiger by the toe

if he hollers

let him go

eeny, meeny, miny, mo

No desenlace, o diretor Gus Vant Sant conduz este enredo com brilhantismo, dilatando as horas, narrando o tema em questão.

A violência possui, em sua estrutura, uma complexidade que levanta constantemente novas questões, levando a um debate sempre em aberto. O longa-metragem, nos ensina que seria a violência um sintoma?

Nessa perspectiva, tanto na violência, assim como no sintoma, a questão do gozo está sempre presente, ou seja, uma satisfação pulsional tanto naqueles que a exercem quanto naqueles que a sofrem.

Nessa linha de raciocínio, farei algumas considerações e indagações para dar início a conversação.

A violência no ambiente escolar é um problema grave e crescente no Brasil, que afeta a segurança e o bem-estar de estudantes, professores e outros funcionários. As pesquisas têm indicado a alta incidência de casos de agressão, colocando o Brasil no topo da violência escolar.

Então, o que dizer sobre o tema em questão que o filme Elephant nos ilustra e a contingência nos atravessa no contexto contemporâneo?

O que a psicanálise pode nos orientar quanto as questões subjetivas a questionar a violência e construir um saber sobre o que o causa?

Qual seria o estatuto da violência e sua exibição de excesso na contemporaneidade?


1 Texto introdutório da coordenadora da atividade Cinema e Psicanálise, Késia Ramos, sobre o filme Elephant, em 16/05/2023.
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