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Rosane, querida

Anamaria Vasconcelos

Tempos difíceis, tempos de confinamento, de proibições sobre nossos corpos, sobre nossos ritos sociais de encontro, de alegria e de morte. Tempo do não poder respirar sem máscara, do não poder abraçar, ahhh…mas o amor, esse não, e é a partir dele que vieram às invenções, veio a poesia, e você caminhava ativamente, coordenou há um ano atrás nossa jornada de Cartéis com a alegria e o entusiasmo de sempre. Mas de repente, pumba! O real sempre contingente, invadiu, roubando a cena por mais esforço que você fizesse…

Amar o perdido
deixa confundido
este coração

Nada pode ser olvido
contra o sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão[1].

Não poderia ser de outra forma Rosane,  recorro aqui a poesia que se impôs a mim todo tempo que de longe, acompanhava seu percurso, a sua expressão maior do seu amor à vida, sua resistência, a sua luta.

À você encaminhei “as pérolas mais preciosas” , como disse um dia  a você, da minha vida, porque o seu fazer clínico, o seu amor pela psicanálise foi  um verdadeiro esforço de poesia. Ficamos com a memória dos afetos, da sua transmissão e com seus livros. Sigamos!

Com carinho


[1] Memória, Carlos Drumond de Andrade
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