Boletim Litorâneo #06 – Novembro 2021
EDITORIAL
Cassandra Dias – Diretora de Biblioteca
As pessoas não morrem, ficam encantadas…a gente morre é para provar que viveu…
Guimarães Rosa
E assim se foi Rosane da Fonte. Encantou-se no mês de outubro desse ano de 2021, deixando em nossa comunidade de interesse, constituída por amigos, colegas de trabalho, analisantes, alunos e supervisandos, um sabor amargo por tão repentina partida. Sabemos – mas não acreditamos – que aquela dama de delicada elegância nas maneiras, nas palavras e nos gestos, a psicanalista que se movia na arte da escuta e que exercitava o seu ofício com afinco, se fora.
Amor, desejo e gozo
Rosane da Fonte
O tema de hoje, Amor, desejo e gozo, convoca-nos a falar de encontros.
Vamos iniciar pela direção do tratamento em que se constitui um encontro com um parceiro novo, com o qual se inicia uma partida, um jogo de xadrez, como dizia Freud. Nesse contexto as peças são as palavras que se desdobram em inúmeras variáveis. As jogadas são tortuosas, repletas de impasses problemáticos, muitas vezes porque são marcadas por um mal-entendido estrutural. Nesse encontro se atravessam o desejo, o gozo e o amor.
Algumas palavras sobre minha amiga Rosane da Fonte.
Rosa Reis
Era um encontro quase que diário há mais ou menos 20 anos.
A frase chave, de um lado ou do outro, quando nos encontrávamos no corredor do consultório era: “vamos tomar um café”? A conversa então rolava, às vezes mais longa, outras mais curta, em muitos momentos interrompida, mas sempre variadíssima: casos clínicos, textos lidos, projetos para a Seção, projetos de viagens, assuntos particulares, família, moda etc.
A uma amiga que partiu
Gisella Sette
Por que você partiu assim tão de repente? Nem nos despedimos, querida amiga!
Por que tão cedo? Muito cedo…….? Porém, o que é o tempo, e como cronometrá-lo dizendo-o cedo ou tarde, quando temos por referência a eternidade?
Homenagem a Rosane
Maria Eliane Neves Baptista
Minha amizade com Rosane surgiu a partir da parceria de trabalho construída aos poucos, alicerçada pelo afeto, respeito e pela admiração. No trabalho conjunto planejávamos atividades a fim de que os conceitos psicanalíticos fossem transmitidos de forma clara, porque considerávamos essa a forma de despertar o interesse pela Escola Brasileira de Psicanálise, naqueles que se aproximavam por meio dos cartéis ou dos Cursos de Extensão.
Elegia a Rosane
Elizabete Siqueira
Teria sido muito fácil falar sobre Rosane em outras circunstâncias que não esta da sua partida. Muitas coisas poderiam ser ditas: amiga dedicada, colega acessível, analista talentosa. Agora, resta-nos o consolo de lembrar seu jeito de atuar no mundo e de fazer a diferença.
Homenagem a Rosane da Fonte
Zaina Mª Gama Pereira
Recebi um convite da colega Cassandra Dias, diretora da Biblioteca da Seção Nordeste, para que eu fizesse uma homenagem à amiga psicanalista Rosane da Fonte. Esta convocação foi de pronto atendida e desde então, faço um resgate ao meu longo convívio com ela, perpassado por afeto, admiração, confiança e leveza. Nunca esqueço de suas palavras, quando entre tantas outras dizia que eu tenho luz própria. Muito amorosa essa amiga!
Homenagem a Rosane
Sílvia Farias
Rosane fez parte de toda minha trajetória profissional, desde estudante do curso de Psicologia, quando tive a honra de tê-la como professora, até outubro deste ano, com seu falecimento. Ao longo do tempo fui aluna, supervisionanda, colega de trabalho e amiga, e é como amiga que falarei.
Homenagem a Rosane
Bibiana Poggi
Diga, minha queridinha!
Assim você me recebia..
Talvez por isso, sonhei que eu agradecia a você o tanto que me fez, enquanto caminhávamos num jardim.
Rosane, querida
Anamaria Vasconcelos
Tempos difíceis, tempos de confinamento, de proibições sobre nossos corpos, sobre nossos ritos sociais de encontro, de alegria e de morte. Tempo do não poder respirar sem máscara, do não poder abraçar, ahhh…mas o amor, esse não, e é a partir dele que vieram às invenções, veio a poesia, e você caminhava ativamente, coordenou há um ano atrás nossa jornada de Cartéis com a alegria e o entusiasmo de sempre. Mas de repente, pumba!
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“… E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja…”