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A uma amiga que partiu

Gisella Sette

Por que você partiu assim tão de repente? Nem nos despedimos, querida amiga!

Por que tão cedo? Muito cedo…….? Porém, o que é o tempo, e como cronometrá-lo dizendo-o cedo ou tarde, quando temos por referência a eternidade?

Faltam-me palavras. Silêncio.

Face ao indizível, recorro ao poeta que diz em entrelinhas de um dos impossíveis de dizer, a morte.

E ele disse:

Vós saberíeis o segredo da morte.
Mas como o encontrareis a não ser que o busqueis no coração da vida?
A coruja, cujos olhos noturnos são cegos durante o dia, não pode revelar o mistério da luz.
Se quereís realmente contemplar o espírito da morte, abri bem o vosso coração para o corpo da vida..
Pois a vida e a morte são um, assim como o rio e o mar são um.
Nas profundezas das vossas esperanças e desejos está o vosso conhecimento silencioso do além.
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Pois o que é morrer além de estar nu ao vento e derreter ao sol?
E o que é cessar de respirar, senão livrar a respiração de suas incansáveis marés que se elevam e se expandem e buscam a Deus sem obstáculos?
Só cantareis de verdade quando beberdes do rio do silêncio.
Só quando chegardes ao topo da montanha, só então começareis a subir.
E quando a terra pedir os vossos membros, só então dançareis.

(Khalil Gibran – O Profeta)

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