Argumento

Jornadas de Cartéis 2025

Escola Brasileira de Psicanálise

Jornadas de Cartéis 2025: O cartel e os furos

Com a escolha do tema “O cartel e os furos”, feita pela Comissão das Jornadas de Cartéis 2025, destacamos a estrutura do cartel marcada por um furo, ao mesmo tempo em que é um dispositivo que faz furo no saber. A introdução do significante “furo” implica em sua própria estrutura o real da experiência que sustenta a lógica não-todo. Trata-se do furo na formação do analista e na transmissão de um saber, reafirmando algo do próprio imponderável entre a transmissão e a escrita.

O cartel enlaça um pequeno coletivo em torno da causa analítica e comporta uma produção individual a partir de uma elaboração provocada. A despeito desse modo de funcionar, abre-se duas vias: por um lado o trabalho de cartel sob a condição de que o Outro não existe e que o saber é suposto e não-todo, por outro lado, a transmissão de saber possível que implica os furos na relação de cada um com a causa analítica. O enlace dessas duas vias é sustentado pela transferência de trabalho.    

Em que medida o cartel permite apropriar-se da relação com o furo no saber? Como ele engendraria uma produção da enunciação que mobiliza o trabalho de Escola? A aposta dessas Jornadas de Cartéis é tentar abordar nas discussões algo do caráter indizível e fora de sentido da transmissão do saber, o limite no campo da fala e um impossível.

O fato do cartel estar estruturado sem um mestre detentor de um saber faz com que cada um se depare com seu próprio sintoma e com o real em jogo, o que implica o objeto no lugar de dejeto. Seria por essa via o advir de um saber? Como fazer para que o cartel não esteja a serviço do Outro da demanda? É possível, no cartel, sair do girar em círculos em torno de um furo?

O cartel enquanto instrumento de subversão pode interpretar, por exemplo, o gozo que circula em todo vínculo social, inclusive na Escola porque permite furar o bem-estar imaginário do laço social. Um produto de cartel interessa enquanto o saber produzido é submetido à Escola na “condição de crítica e controle”, para recuperar uma expressão de Lacan no Ato de Fundação.

O tema em uma Jornada de Cartéis sugere a via por onde podemos percorrer ao abordamos o tema do cartel. A escrita desse argumento visa provocar e iniciar um debate em torno dele, e durante as Jornadas haverá uma conversação específica sobre essa perspectiva. Os trabalhos submetidos as Jornadas não precisam estar articulados a este tema proposto, pois teremos na programação as mesas simultâneas destinadas a apresentação dos produtos dos cartéis.  Haverá ainda uma Conferência de Clara María Holguin que em breve nos compartilhará seu título de trabalho conosco.

A Comissão de Cartéis dessas Jornadas está a disposição para esclarecimentos e deseja a todos um bom trabalho.

  • Bernardo Micherif

  • Fabio Saad

  • Marilsa Basso – Diretora de carteis e Intercâmbio

  • Mirmila Musse