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Karynna Nóbrega[1]
A passagem do horror ao ridículo: respostas do real
… o real é sem lei. O verdadeiro real implica a ausência de lei. O real não tem ordem. (LACAN, 2007, pág. 133)[2]
A clínica do ultimíssimo Lacan remete à inconsistência da ordem simbólica, prima pela invenção, o saber fazer com o real, a partir da contingência. (VERAS, 2013)[3]. Vicente [4](2022) em A experiência analítica no ultimíssimo recorda que para Lacan o simbólico está presente no real por meio da materialidade sonora. Nessa clínica o ato do analista provoca surpresa e impulsiona o fazer poesia no falante a partir da contingência.
A título de ilustração apresento uma vinheta clínica. A queixa do falasser era a persistência dos pensamentos catastróficos que provocavam um paralisante medo de altura. A intervenção do analista: — E por que você não pensa em João e o pé de feijão? Esse ato do analista, provocou um efeito de curto circuito na cadeia significante e teve efeito de uma crise de riso. Uma mudança: do horror ao ridículo. Assim, a intervenção no último ensino rompe com a dimensão da significação, e tem como orientação a dimensão do gozo opaco: o sem sentido.
[1] Membro EBP/AMP
[2] LACAN, J. O seminário, livro 23: o sinthoma Rio de Janeiro: Zahar, 2007
[3] VERAS, M. Alteridades lacanianas, a violência entre o Outro e o objeto. In: MACHADO, O.; DEREZENSKY, E. (Org.) A violência: sintoma social da época. Belo Horizonte: Scriptum livros, 2013.
[4] VICENTE, S. A experiência clínica no ultimíssimo Lacan in: HORNE, Bernardino; GURGEL, Iordan (orgs.) O campo uniano: o último ensino de Lacan e suas consequências 1ªed. Goiânia: Editora Ares, 2022.
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