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Eixo 3: A prática analítica nos territórios

26 de julho de 20244 minute read

Coordenadoras: Claudia Formiga e Sandra Conrado

Frente ao desafio de compreender o mal-estar em nossos dias, é com as ferramentas da clínica que a orientação lacaniana se dirige ao real em suas múltiplas e incalculáveis facetas[1], seja como leitura dos impasses na civilização, seja por meio de uma prática dita aplicada.

Que a psicanálise não mais se restringe ao consultório, já sabemos. Mas o que delimita a ação do analista em hospitais, escolas, no encontro com outras práticas e saberes? O que a hipótese do Inconsciente acrescenta à ideia de mental, se supomos a interposição do mental como diferença entre o real e a realidade?[2] Questões com que estaremos às voltas nesta Jornada, ao abordar as respostas do real: contingências na clínica.

            Em problemáticas como a escalada da violência, a medicalização da infância e da dor de existir, as toxicomanias e o consumo exacerbado de objetos, entre outros fenômenos que apontam aos desarrranjos na ordem simbólica, como operar a partir de uma orientação ao real do sintoma? A ideia de uma adequação do homem ao mundo não nos serve de critério na prática analítica,[3] uma vez que a linguagem como obstáculo fundamental a essa adequação, aponta ao impossível da harmonia entre o físico e o mental.

Nas instituições de saúde, frente aos significantes mestres que atualmente as sustentam, o analista recolhe o irredutível do sintoma, que objeta a toda tentativa de normatização.[4] Assim é, também, no contexto educacional, onde sua presença é resistência ao discurso do mestre contemporâneo e aos novos ideais de liderança e empreendedorismo. Apoiado no discurso analítico, o analista se faz objeto disponível para o uso e, seja qual for o contexto de sua prática, não se trata de substituir o discurso do mestre, mas de aí poder produzir intervalos, aberturas ao inconsciente e sustentar a presença do real[5].

Este Eixo acolhe trabalhos que reflitam questões retiradas da prática analítica nos territórios, que problematizem os seus impasses, o diálogo com outros saberes e a relação entre discurso analítico e as exigências do mestre contemporâneo.


Textos de orientação:

Texto 1:
Conclusión del PIPOL V, de Jacques-Alain Miller
Informações para a nota:
Conferência proferida no Encerramento do Pipol V, que serviu de Argumento ao VI ENAPOL, realizado em 2013, que teve como título Falar com o corpo. Disponível em: http://enapol.com/vi/wp-content/uploads/sites/8/2021/08/013.pdf

Texto 2
O delírio da normalidade, de Eric Laurent
Informações para a nota:
Conferência proferida no contexto da manhã preparatória do XVII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano – Psicanálise e felicidade: sintoma, efeitos terapêuticos e algo mais – dedicada ao tema “O campo da Saúde Mental”, realizada no Rio de Janeiro em 21 de novembro de 2008. Tradução consecutiva: Marcus André Vieira e Romildo do Rêgo Barros. Disponível em: https://revistaderivasanaliticas.com.br/index.php/delirio-da-normalidade


[1]              Siqueira, E. e Pereira, C. “Respostas do real: contingências na clínica” Argumento da IV Jornada da Seção Nordeste. Disponível neste site.

[2]              Miller. J-A. “Saúde mental e ordem pública”. In: Curinga nº 13. EBP-Seção Minas. Belo Horizonte.. setembro de 1999.  p. 28.

[3]              Miller. Op. Cit. p.28

[4]              Conforme desenvolve Laurent, E. Em “O delírio da normalidade”  Disponível em: https://revistaderivasanaliticas.com.br/index.php/delirio-da-normalidade

[5]              Arenas, Alícia “O inconscinte-utensílio” In: Opção lacaniana. Revista Internaional brasileira de Psicanálise. no. 55. 2009. p. 4.

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