Eixo 3: A prática analítica nos territórios
Sigmund Freud
Sobre o início do tratamento (1913). In.:Fundamentos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018.
“Em geral, o material com que começamos o tratamento é indiferente, seja ele a história de vida, seja a história da doença ou lembranças da infância do paciente. Mas, em todo caso, deixamos que o paciente conte e deixamos a cargo dele a escolha do ponto inicial.” p. 135.
Caminhos da terapia psicanalítica (1919 [1918]). In.: Fundamentos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018.
“Recusamos enfaticamente transformar o paciente, que se entrega em nossas mãos buscando ajuda, em nossa propriedade, formar o seu destino para ele, impor-lhe os nossos ideais e, com a altivez do Criador, formá-lo à nossa semelhança, para a nossa satisfação. Ainda hoje insisto nessa recusa.” p. 198.
Caminhos da terapia psicanalítica (1919 [1918]). In.: Fundamentos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018.
“Pude ajudar pessoas com as quais não tinha qualquer laço de raça, educação, posição social ou visão de mundo, sem incomodá-las em suas peculiaridades.” p. 198.
Prólogo a relatório sobre a Policlínica Psicanalítica de Berlim, de Max Eitingon (1928). In.: Obras completas, volume 16: O eu e o id, “autobiografia” e outros textos (1923-1925).
“Se a psicanálise, juntamente com sua importância científica, tem valor como método terapêutico, se é capaz de assistir indivíduos sofredores na luta pelo cumprimento das exigências da civilização, então essa ajuda também deve ser oferecida ao grande número daqueles que são pobres demais para remunerar o analista por seu penoso trabalho”. p. 341.
Considerações contemporâneas sobre a morte e a guerra (1915). In.: Cultura, sociedade, religião. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2020.
“Mas é provável que sintamos o mal deste tempo de maneira desmedidamente intensa e não tenhamos o direito de compará-lo com o mal de outras épocas que não vivenciamos”. p. 99.
Jacques-Alain Miller
Conclusión del PIPOL V
Disponível em: http://enapol.com/vi/wp-content/uploads/sites/8/2021/08/013.pdf
“O ideal da saúde mental traduz o imenso esforço que, hoje em dia, é feito para levar a cabo o que chamarei de “retificação subjetiva de massas”, destinada a harmonizar o homem com o mundo contemporâneo, dedicada em suma a combater e a reduzir o que Freud nomeou, de maneira inesquecível, como o mal-estar na cultura”. p.3 (Tradução nossa).
“O discurso analítico, no entanto, por pequena que seja sua voz no estrondo contemporâneo, faz objeção e não carece de potência. Sua potência é dada, de saída, pelo fato de que ele não é massificador”. p. 4. (Tradução nossa).
“O que o sujeito encontra na psicanálise é sua solidão e seu exílio. Sim, seu estatuto de exilado em relação ao discurso do Outro. Não é o Outro com A maiúscula o que está no centro do discurso analítico, é o Um sozinho”. p.4 (Tradução nossa).
“Se a saúde mental não existe é porque o corpo gozante, a carne, exclui o mental ao mesmo tempo em que o condiciona, o enlouquece, o extravia”.p.6 (Tradução nossa).
Qual política lacaniana para 2009? Perspectivas de política lacaniana. In: Opção Lacaniana: Revista Brasileira Internacional de Psicanálise n.53. Edições Eolia, São Paulo-SP. Janeiro de 2009.
“Há uma política da psicanálise: ela concerne aos fins últimos e aos resultados da operação psicanalítica. Seu princípio maior, e talvez único, é a autonomia do discurso analítico, a manutenção de sua diferença absoluta em relação aos outros discursos. Tudo que preserva e alimenta essa autonomia é bom; tudo que a desfalca, corrói, arruína, é ruim”. p.8.
Teoria de Turim: sobre o sujeito da Escola. In: Opção Lacaniana online nova série, Ano 7 n. 21, novembro de 2016.
“A experiência analítica é uma experiência coletiva de dois; a psicanálise não está confinada ao consultório do psicanalista, permite captar a mola da psicologia dos grupos, das formações coletivas”. p.3
Éric Laurent
O Delírio da Normalidade. In: Loucuras, sintomas e fantasias na vida cotidiana/Éric Laurent. Belo Horizonte. Scriptum Livros, 2011.
“Nós, precisamente, nos atemos à apresentação, não de uma psicopatologia geral, mas do esforço de cada sujeito para tratar do seu sintoma e do acolhimento que lhe damos em instituições que, sem nossa presença, teriam tendência a tratá-lo como categoria”. p. 45
“De fato, no campo das instituições que dizem respeito à saúde mental, somos confrontados com uma nova figura, com novos ideais progressistas trazidos pela reforma psiquiátrica, os ideais de reabilitação psicossocial”. p. 46.
“Face à escalada dos ideais da saúde mental coletiva, Lacan (1978) enunciava posições provocadoras como: “todo mundo é louco”. Isso não quer dizer naturalmente que todos são psicóticos e nem que a clínica estaria completamente enlouquecida. Significa que não há nenhuma possibilidade de visar uma norma comum”. p. 51
“Como é preciso concluir, direi então que o modo de nos protegermos, de nos defendermos do delírio da normalidade, é o nosso esforço constante para mostrar que: a saúde mental não existe, que o laço social não existe, que a psicopatologia também não existe e que, uma vez que sabemos disso, então sim, poderemos nos aproximar do sintoma como Real”. p. 53
Usos actuales posibles e imposibles del psicanálisis. In: Psicoanálisis y Salud Mental. Editorial Tres Haces. Buenos Aires-Argentina. 2000.
“Devem ser formados analistas que possam se dedicar a esse objetivo; precisamente, não oferecer a cura analítica para todos, mas poder instalar-se em um lugar de um “uso possível” para todos. (tradução nossa). p.58
Cidades Analíticas. In: Sociedade do Sintoma a psicanálise, hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2007.
“Lacan dá um passo a mais em sua leitura da cidade, quando sai da cidade lida para a cidade letra, máquina de refratar o significante.” p. 109
“Os analistas têm de passar da posição de especialistas da desidentificação para a de analista cidadão. Um analista cidadão no sentido que esse termo pode ter na moderna teoria democrática. Os analistas precisam entender que há comunhão de interesses entre o discurso analítico e a democracia, e precisam entendê-lo verdadeiramente!” p. 143.
Carlo Viganò
Da instituição ao Discurso. In: Wellerson Alkmim (Org.). Novas conferências. Belo Horizonte: Scriptum Livros, 2012.
“De fato, o saber do analista não tem características da universalidade do tipo científico, mas nasce de uma posição de intérprete na transferência, posição que conjuga o universal com o particular (ver algoritmo da transferência)”. p.91.
“É importante notar que, do início ao fim, a questão institucional funde-se com a da organização dos significantes fundamentais, que estão na base das instituições sociais e se revela uma questão de discurso”. p.91.
“O ato do analista modifica as condições da massa (tornando-se, por isso, ato político) e introduz os afastamentos que permitem mudar o discurso”. p.94
“Tudo isso leva a criar novas instituições, lugares de trabalho onde o discurso do analista possa ser operante e, por isso, centrado em torno de um vazio real de saber-poder”. p.97.
Serge Cottet
O psicanalista aplicado. In: Pertinência da psicanálise aplicada: trabalhos da Escola da causa Freudiana reunidos pela Associação do Campo freudiano; tradução Vera Avelar Ribeiro. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
“Ninguém mais pensa que a psicanálise aplicada seria, em relação à psicanálise pura, como o empirismo descosido oposto a uma racionalidade intangível. Não existe condição ideal ao ato analítico, nem quadro acadêmico, nem tipo clínico privilegiado”. p.27.
“A psicanálise aplicada, ou seja, o próprio tratamento, inscreve-se nessa epistemologia da deformação, da topologia, da anamorfose dos conceitos, sem nunca se confundir com a degradação dos princípios”. p.28.
Bernardino Horne
Efeitos de formação: o analista na psicanálise aplicada à terapêutica. In: Os usos da psicanálise: primeiro encontro americano do Campo freudiano. Angelina Harari, Maria Hortência Cardenas e Flory Kruger (org.). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2003.
“Entre os efeitos de formação de um analista, está o de poder tomar essa posição na terapêutica, fora da análise propriamente dita, e continuar analista. Trata-se de sair do lugar de analista sem deixar de sê-lo. Nisso há algo mais além (e não aquém) do analista, algo do soi-même, como diz Lacan, que implica a própria experiência como analisante e se faz presente na orientação do tratamento”. p.55.
Graciela Brodsky
A solução do sintoma. In: Os usos da psicanálise: primeiro encontro americano do Campo freudiano. Angelina Harari, Maria Hortência Cardenas e Flory Fruger (org.). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2003.
“Uma instituição, qualquer que seja, é um lugar regido pelo discurso do mestre. Um analista em uma instituição está preso a esse discurso? Ao discurso da instituição? Ao discurso analítico? Se não se responde a essa questão, a pergunta pela psicanálise aplicada, tal como estamos trabalhando, é uma pergunta totalmente formal”. p. 27.
Antonio Di Ciaccia
Inventar a psicanálise na Instituição. In: Os usos da psicanálise: primeiro encontro americano do Campo freudiano. Angelina Harari, Maria Hortência Cardenas e Flory Fruger (org.). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2003.
“Em uma instituição, uma verdadeira prática feita por muitos deve levar isso em conta e orientar seu funcionamento não pelas exigências dos especialistas, mas segundo as exigências do sujeito; não em relação à sua posição quanto ao sintoma e ao diagnóstico, ainda que estrutural, porém em sua relação com o campo da fala e da linguagem”. p.38.
Sérgio Laia
A prática analítica nas instituições. In: Os usos da psicanálise: primeiro encontro americano do Campo freudiano. Angelina Harari, Maria Hortência Cardenas e Flory Fruger (org.). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2003.
“A prática lacaniana nas instituições, por ser anti-segregativa e fiel ao que Jacques-Alain Miller tem chamado de “esforço de poesia”, dispõe-se a enfrentar desafios como aquele que Oswald de Andrade, um dos principais articuladores do modernismo brasileiro, questionado sobre uma possível dificuldade do povo de apreender as propostas modernistas, formulou nas seguintes palavras: “a massa ainda irá comer a massa fina do biscoito que fabrico”. p.76.