Eixo 2 – As subjetividades contemporâneas e urgências
Sigmund Freud
Além do princípio de prazer [1920]. In: Além do princípio de prazer. (Obras incompletas de Sigmund Freud). Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
“Ainda resta muito para justificar a suposição da compulsão à repetição, e esta nos parece mais originária, mais elementar e mais pulsional do que o princípio de prazer por ela deixado de lado.” p. 99.
O mal-estar na cultura [1930]. In: Cultura, Sociedade, Religião: O mal-estar na cultura e outros escritos. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
“Chamamos de consciência de culpa a tensão entre o severo Supereu e o Eu que lhe está submetido; ela se manifesta como necessidade de punição. A cultura lida, portanto, com o perigoso prazer da agressão do indivíduo, enfraquecendo-o, desarmando-o e vigiando-o, por meio de uma instância em seu interior, como se fosse a ocupação de uma cidade conquistada.” p.377.
Jacques Lacan
Função e campo da fala e da linguagem. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
“Nada há de criado que não apareça na urgência, e nada na urgência que não gere sua superação na fala”. p.242.
O Seminário, livro 10: a angústia. Jacques Lacan: texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
“… a passagem ao ato está do lado do sujeito na medida em que este aparece apagado ao máximo pela barra. O momento da passagem ao ato é o do embaraço maior do sujeito (…) ele se precipita e despenca fora da cena.” p. 129.
Prefácio à edição inglesa do Seminário 11. In: Outros escritos, Jorge Zahar Ed, Rio de Janeiro, 2003.
“ A miragem da verdade, da qual só se pode esperar a mentira ( é isso que se chama resistência, em termos polidos), não tem outro limite senão a satisfação que marca o fim da análise”. p.568.
“Posto que dar essa satisfação é a urgência que a análise preside, interroguemos como pode alguém se dedicar a satisfazer esses casos de urgência”. p.569.
Jacques-Alain Miller
Lacan: observações sobre seu conceito de passagem ao ato. In: Revista Opção Lacaniana online nova série Ano 5 • Número 13 • março 2014 • ISSN 2177-2673 Disponível em:
http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_13/Passagem_ao_ato.pdf
“É aí que a clínica tem algo a dizer. Aí a clínica da passagem ao ato nos lembra a inscrição temporal inevitável do ato – especialmente sob a forma da urgência.” p. 3.
Ler um sintoma. In: Opção Lacaniana: Revista Brasileira Internacional de Psicanálise, São Paulo, n.70, jun. 2015.
“Mas ao deslocar a interpretação do enquadre edipiano para o enquadre borromeano, é o próprio funcionamento da interpretação que muda e passa da escuta do sentido à leitura do fora de sentido” p.20.
La Solución Trans. Buenos Aires: Paidós, 2024.
“O significante trans é um Nome-do-Pai”. p. 187. (tradução nossa)
Beatriz Garcia Moreno
As entradas em uma análise: entre a urgência e a paciência In: Começar a se analisar. Uma volta a mais. Lacan XXI Revista FAPOL online. Vol. nº14, 29 de maio de 2024. Disponível em:
https://www.lacan21.com/sitio/as-entradas-em-analise-entre-a-urgencia-e-a-paciencia/?lang=pt-br
“As demandas de análise acontecem em meio a diversos tipos de urgência: a que está relacionada com o pânico e a angústia, a que está atrás daqueles que resistem, a que se esconde no simbólico. A solicitação na urgência se refere a algo fora da cadeia significante, a algo que chega sem perguntas, sem pedido de amor nem de saber, mas com gozo; entretanto, é justamente “um algo” que precipita a demanda de análise.” p.39.
“A angústia na urgência mantém aberta a demanda ao Outro, não o apaga. Por isso se busca um analista e se arrisca a dizer algo do que lhe ocorre; não por uma transferência que implique amor ou um saber suposto ao Outro; ela vai mais além do significante. Lacan, em seu último ensino, se refere à transferência como espelhismo, sugestão; e afirma que antes de que se apresente o sujeito-suposto-saber, o paciente faz a demanda por uma urgência vital que convoca o analista a fazer par com o que urge”. p.39
“ Na urgência, se rompem as coordenadas de espaço e tempo do sujeito e este se precipita em uma temporalidade marcada pela angústia. Atender essa urgência implica em acolhê-la no instante de ver, o qual não se refere ao frenesí do tempo que impõe o mestre moderno ou à pressa que responde ao imperativo superegoico do “goze”, mas ao tempo de algo que urge no real.” p. 40.
Jésus Santiago
A droga do toxicômano: uma parceria cínica na era da ciência/ Jésus Sntiago. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001.
“Desse ponto de vista, pode-se ler o gozo como a causa estrutural da impossibilidade de felicidade na civilização. Na verdade, o sofrimento de cada um na sua relação com o gozo, desde que, nele, só se introduza por meio do mais-gozar, define perfeitamente o mal-estar/ Unbehagen, que é apenas o outro nome do sintoma”. p.103.
“Entre as técnicas vitais que visam à felicidade e à evitação do sofrimento, figura, enfim, o uso de drogas. A especificidade desse meio de satisfação evidencia-se na sua ação sobre o próprio corpo”. p.104.
Marcelo Veras
A morte de si. Marcelo Veras. – 1. ed. – São Paulo: Editora Bregantini, 2023.
“O suicídio em si não é uma patologia, mas algo muito mais amplo, e também não se trata de um ato ligado exclusivamente à depressão. Vamos ver, inclusive, que, muitas vezes, uma depressão ou angústia podem impedir o sujeito de se matar”. p. 46.
“ É bastante conhecido o fato de que o suicídio ocorre precisamente quando o antidepressivo começa a fazer efeito e libera o sujeito de uma prostração que o protegia do ato”. p.46.
“Para cada deprimido chorando sempre há um vendedor de antidepressivo sorrindo! Perceba que não sou contra os medicamentos, também pouco digo que a indústria farmacêutica é sempre vilã, mas a máquina capitalista exige consumo, e a melhor maneira de aumentar o consumo é fomentar a demanda”. p.47.
Marcus André Vieira.
Andamento de um encontro. In: Urgência sem emergência? Rio de Janeiro: Subversos; ICP-RJ, 2008.
“A urgência é a suspensão do tempo e a dissolução do espaço. Seu momento é o de um presente eternizado, sem amanhã, nem passado. Seu lugar é o vazio e seu solo nenhum. Seus correspondentes afetivos se declinam como angústia, stress e pânico”. p.106.
“A psicanálise não é contraditória com cuidados e atenção, mas aposta, sobretudo, naqueles elementos inacessíveis ao conhecimento de si de quem sofre. Com eles construirá um elo de ligação com o social que dará ao urgenciado um novo lugar no Outro”. p.107.
Ricardo Seldes
La Urgencia dicha. Buenos Aires: Colección Diva, 2019.
“Referir-nos à urgência do parlêtre implica que partimos do gozo e não do Outro do significante”. p. 23. (tradução nossa)
Urgência: entre a verdade e o gozo (2021)
Disponível em: https://clipp.org.br/atualidades-psicanaliticas-29/
“A urgência é um furo no tempo, é o momento da eternização. Quando um acontecimento traumático irrompe, surge a perplexidade, independentemente do diagnóstico estrutural. A resposta subjetiva virá depois. A urgência é um momento de estranheza, com fenômenos inusitados, que podem produzir confusões diagnósticas nas primeiras entrevistas.”
Pausa: uma porta para a subjetividade hoje. In: Urgência sem emergência? Rio de Janeiro: Subversos; ICP-RJ, 2008.
“Chegar à Pausa implica primeiramente encontrar uma porta”. p.100
“A porta da Pausa se abre para dentro, de forma que, pela psicanálise aplicada, se estabeleça um laço com os psicanalistas. Do lado de fora dos consultórios particulares, temos a cidade, as pessoas que nela moram e seus modos de viver a pulsão. Ao girar a espiral, os psicanalistas declinam da “paz” de seus consultórios para sair para o mundo”. p.100.
“A urgência implica um tempo de concluir acelerado, a pressa que assinala o horizonte da passagem ao ato. Propor uma pausa não é sem trabalho”. p.101.
“A urgência é uma oportunidade para que cada um possa se encontrar com sua falta e, é claro, com o espaço para que a partir da reconstrução de um laço, surjam afetos como a impaciência ou a vergonha, índices certeiros de um questionamento do excesso no próprio gozo”. p. 103
Comissão de Referências Bibliográficas
Coordenação: Karynna Nóbrega e Liège Uchôa
Erick Leonardo, José Augusto Rocha, Luiza Domingues, Nelson Matheus, Paulo Carvalho, Raíssa Nóbrega e Virgínia Fernandes.