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In Locu

3 de setembro de 20244 minute read
por Suele Conde Soares

 “Amores são águas doces
Paixões são águas salgadas
Queria que a vida fosse
Essas águas misturadas.
Eu que já fui afluente
Das águas da fantasia
Hoje molho mansamente
As margens da poesia…”

(Memória das águas.
Maria Bethânia).

https://www.flickr.com/photos/hellohellenn/8964722872

Nesta edição do  In locu aterrissamos sobre o Hotel Globo e o Porto do Capim, localizados no Centro Histórico da cidade de João Pessoa – Paraíba. O Hotel Globo constitui um dos cartões postais que atrai visitantes in and out, que moram na cidade e que vêm de fora para visitação. Construído em 1929 por “Seu Marinheiro”, atualmente o hotel serve de museu, bem como é aberto a feirinhas artística e cultural, com obras e apresentações de artistas da região. Adentrando o Hotel, chegando em seu jardim, tem-se a bela vista do Rio Sanhauá, rio que banha os municípios de Bayeux e João Pessoa. Um dos principais afluentes do Rio Paraíba, foi em sua foz que João Pessoa, a capital do estado, foi fundada, no século XVI.[1]

É também do jardim do Hotel Globo que nosso olhar é atraído pelo concreto de edificações que constituíram o antigo Porto do Varadouro, hoje mais conhecido como Porto do Capim, principal porto da cidade, antes da existência do Porto de Cabedelo. Localizado à beira do rio Sanhauá, era no Porto do Capim onde todo o comércio e grandes negócios da cidade funcionavam.

O Porto do Capim vem sendo habitado por populações ribeirinhas que sofrem com o abandono e descaso. São famílias que vivem e retiram da área seu sustento como é o caso dos pescadores e marisqueiros, bem como de trabalhadores que sem a atividade do comércio que outrora existia ficam desempregados. Atualmente, está em vigor um Projeto municipal de urbanização do Porto do Capim que visa revitalizar a área para incentivar o turismo e moradia para a população local.

A comunidade do Porto do Capim resiste. Passando de área de intensa atividade comercial à perda de importância e descaso, os moradores se voltam ao rio Sanhauá e dele tentam retirar sua sobrevivência. Por meio das atividades de pesca e navegação, o rio pode voltar a ganhar vida. Ainda que, é preciso ressaltar, a falta de saneamento básico na região provoca danos às águas que são meio de vida da população local.

Sanhauá, que em tupi-guarani que quer dizer “peixe-ligeiro” nos sinaliza os tempos que correm. A visão do Rio Sanhauá, margeando toda a cidade, nos faz percorrer suas águas no movimento temporal próprio dos rios. Rios que seguem, que contornam, que são foz e nascentes.

Hotel Globo, porta de acesso ao Rio Sanhauá.

Rio Sanhauá, afluente do rio Paraíba.

Para ser afluente se faz antes necessário cruzar o umbral de uma porta. É o nosso filete de água, nossa travessia do Rubicão.[2]

É por essa vereda, que marca a história da cidade de João Pessoa, que convidamos os cosmopolitanos, regionais ou não, a desembarcarem em solo paraibano para a IV Jornada da Seção Nordeste. Que cada um possa trazer seu corpo para circular pelo concreto da cidade e deitar o olhar nas águas do Rio Sanhauá que é porto por onde passa.

Para atrair embarcações para aportar aqui, trazemos “Memória das águas” com Maria Bethânia nos chamando a navegar. João Pessoa, nos dias 13 e 14 de Dezembro  será porto para a psicanálise de orientação lacaniana. Aportemo-nos!


[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Sanhau%C3%A1

[2] chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_13/Passagem_ao_ato.pdf

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