Quaerens quem devoret, mãe
Joyce Barbosa
Nada que eu pudesse te dar
Seria suficiente para preencher
O que não há lá
Tudo que eu achasse poder ser
Acabaria em nada por dizer
Simplesmente porque
A tua insatisfação
Criou água em mim
E fez movimento
De não querer
Um oceano inteiro
Revoltado e carente
Sendo domado
Pela vida à frente
Como desfaço o plano de ser resto?
Como desamarro o cordão da rejeição?
Alguma vez você me amou como objeto?
Alguma vez você juntou minhas mãos?
Sento na pedra e ela sussurra:
Vá embora e não olhe pra trás
Siga a estrada amarela
Que vai dar na beirada do precipício
Ame
O futuro passado
E passe a limpo
O querer
Eu te amo
Na falta
Já
Você
Por isso
Te peço
Não me mastigue ainda, mãe
Me coloque pra dormir
Não me morda ainda, mãe
Me espere sonhar
Não me coma ainda, mãe
Me espante todo mal
Não me devore ainda, mãe Siga seu plano final.