Juliana Ribeiro (Núcleo Telengo Tengo)
Cada um em seu mundo: todos delirantes? Até mesmo as crianças são delirantes? Podemos dizer, loucas? O aforismo de Lacan Todo mundo é louco, isto é, delirante não está falando da psicose, mas de um outro alcance. Abrange o universal do ser falante. O falasser participa do rol da “loucura generalizada”. Gil Caroz (2023) – no Argumento para o XIV Congresso da Associação Mundial de Psicanálise – sublinha que apenas o falasser, obediente como consegue, ao código da linguagem, é que pode ser louco. E mais… aponta que a loucura é “uma defesa universal e estrutural do ser falante contra o real” [1].
É desde a infância, a partir do choque da linguagem no corpo, que diferentes formas estruturais de defesa contra o real passam a se constituir. O delírio começa aí, sustentado pela elucubração de saber. O delírio comparece como efeito de significação. É como cada um pode tratar o real impossível de dizer.