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    Julia Panadés. Ovo letra 1. 2020

    EDITORIAL

    Gustavo Ramos (EBP/AMP)
    Jaqueline Coelho (EBP/AMP)

    Não é de hoje que verificamos o movimento de evangélicos gravitando em torno do assunto “psicanálise”. Eles se interessam por transformar pastores em “psicanalistas” e fazem uso de conceitos psicanalíticos, deturpando-os em nome de objetivos alheios e religiosos, a fim de obter um controle maior sobre aquilo que habita o pensamento. Uma das reverberações dessa aproximação são as proposições por parte da chamada bancada evangélica, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, de projetos para regulamentar a psicanálise. Se o primeiro projeto data dos anos 2000, o último é de 2018 e no seu artigo segundo propõe uma graduação em psicanálise e um diploma de psicanálise.

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    A presença dos psicanalistas no mundo

    Samyra Assad (EBP/AMP)

    De um sufoco

    Na reconfiguração do mundo com o discurso científico, o real se funde nos números, nas medidas, na máquina. Pergunto-me se o discurso religioso também não o faria, a partir do seu anseio de domínio e de controle por meio de seus ideais, transformando os indivíduos em máquinas que veiculam o próprio gozo de seus agentes. Parece ser outra demonstração do desnudamento do aparato simbólico no laço social.

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    Da clínica ao Político: o ato não regulamentável

    Giovanna Quaglia (EBP/AMP)

    O caminho da psicanálise, cada um o faz por sua conta e risco, em uma experiência singular onde o questionamento radical da identidade de uma profissão é posto em marcha. No entanto, na angústia de seguir sem saber exatamente onde chegar, alguns podem tropeçar em qualquer instituição que lhes prometa entregar o saber e a nomeação de psicanalista, e é aí, provável, que tudo pode parar, e nesse ponto encontre uma identificação grupal que aplaca o enigma essencial ao desejo; onde os candidatos a analistas que, por preguiça ou conforto, adormecem sobre o travesseiro do discurso do mestre ou de sua variante universitária.

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    Regulamentação e Garantia

    Luis Francisco Espíndola Camargo (EBP/AMP)

    A regulamentação de uma profissão é tarefa da sociedade e do Estado. Antes de tudo, trata-se de regular uma prática profissional em benefício e defesa do corpo social, i.e, contra os enganadores, diletantes e inábeis ao exercício de uma profissão, cujo controle indireto é realizado por meio da criação de uma “autarquia” que, apesar de certa autonomia financeira e administrativa, sempre está indiretamente subordinada ao Estado. Em texto veiculado pela Agência Senado, afirma-se que o “Supremo Tribunal Federal, em jurisprudência mais do que pacificada, entende que só é legítimo regulamentar uma profissão…

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    Neoliberalismo, neopentecostalismo e a contenda pela psicanálise na contemporaneidade

    Héder Lemos Bello

    Este artigo explora as complexas interseções entre psicanálise, religião e sociedade, com foco especial no neopentecostalismo e no fundamentalismo religioso, situados no contexto do neoliberalismo contemporâneo. Examinamos a maneira como a condição de desamparo humano é instrumentalizada pelas concepções neopentecostais e fundamentalistas para promover uma noção de prosperidade econômica como panaceia universal para questões humanas e investigamos os efeitos profundos que isso tem sobre a subjetividade contemporânea e sobre a configuração das estruturas sociais. Através de uma análise histórica, discutimos a evolução do pentecostalismo e suas sinergias com o neoliberalismo, sublinhando as consequências dessa confluência para a concepção de direitos humanos, para o crescente interesse dos evangélicos pela psicanálise e para as tentativas de regulamentação desta, bem como para as dinâmicas de exclusão de grupos minoritários.

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