EDITORIAL
Por Cleyton Andrade
TALQUEI?
Você tem fome de que? De liberdade? De palavras? De saber? Fome de democracia? Se está lendo e preenchendo com os significantes de sua fome, talvez seja sinal de que não está com a barriga vazia. É um privilégio poder ler e pensar a fome transformada em diversos semblantes que instigam. Contudo, quem passa fome não tem tempo de ler o que escrevo. Nem interesse. É bem verdade que existem as Carolina Maria de Jesus, que, passando fome, ainda se colocaram a escrever e a dizer, num esforço ou de poesia ou de testemunho, de que a fome tem cor… é amarela.
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“A presença dos analistas na democracia”*
Romildo do Rêgo Barros
Abertura
Eu quero inicialmente dar as boas-vindas a todos os participantes da nossa conversação. Quero igualmente agradecer a Henri Kaufmanner, atual presidente da EBP, que aceitou prontamente o convite da diretoria geral para coordenar esta conversação, que, no meu entender, marca uma escansão importante na história da Escola.
Tenho a impressão – tomara que não seja só uma impressão – de que ela inaugura alguma coisa, uma certa compreensão e uma certa prática da política, que vamos, com o tempo, levar mais longe.
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O poder libertador da palavra
Iordan Gurgel
A psicanálise é incompatível com o fascismo porque, neste, está cerceada a liberdade da palavra. Com este enunciado, me apresento – Iordan Gurgel, AME da EBP/AMP, analista cidadão! E começo me associando à enunciação de Graciliano Ramos: “a palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”[1].Vou desenvolver esta locução na Conversação da Escola Brasileira de Psicanálise, “A presença dos analistas na democracia“, em 4 pontos:
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O feminino infamiliar é a política
Jésus Santiago
Quando Lacan aborda o inconsciente por meio da política é inevitável colocar a pergunta sobre que dimensão conceitual da política se faz presente nesta definição. Questiona-se, então, se o horizonte que anima essa definição não é o alcance do poder do inconsciente sobre o real, considerando que se concebe este último como impossível e, portanto, caracterizado pela sua indeterminação frente ao saber. Se o real se apresenta destituído de um sentido e de uma lei que possa determiná-lo é porque este se ancora numa falha irredutível.
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Conversação: O lugar dos analistas na democracia
Compaixão, indiferença, ódio
Valéria Ferranti
Começo essa conversa me valendo da análise realizada por Luiz Eduardo Soares, -antropólogo, cientista político e especialista em Segurança Pública – que já esteve entre nós em eventos Campo Freudiano. Luiz Eduardo realiza uma análise surpreendente e esclarecedora acerca do efeito do discurso neoliberal dividindo-o em três tempos.
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Breve comentário sobre a incompatibilidade entre a psicanálise e o fascismo
Louise Lhullier
No Movida Zadig realizado em Florianópolis no dia 6 de agosto último, Romildo do Rego Barros afirmou: “A psicanálise é incompatível com o fascismo.”
Impossível discordar de Romildo, há argumentos de sobra para sustentar essa afirmação. No entanto, gostaria de destacar o que ele situa como ponto-chave dessa incompatibilidade, ou seja, que é no campo do sentido e da linguagem que a psicanálise e o fascismo se excluem mutuamente.
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Contribuições para a Conversação: a presença dos analistas na Democracia
Glacy Gonzales Gorski
A linguagem é mais do que sangue.
Franz Rosenzweig
Agradeço à Diretoria da EBP pelo convite e pela oportunidade de participar da conversação sobre a presença dos analistas na democracia, uma inciativa de suma importância para o momento político que atravessamos no Brasil, uma vez que a liberdade de expressão está seriamente ameaçada.
A diretora de Biblioteca Graciela Bessa me fez a proposta de comentar a seguinte passagem do texto de Romildo do Rego Barros: