Por Rômulo Ferreira da Silva
Um dos desafios para colocar em marcha a Seção Leste-Oeste da EBP foi estabelecer laços de trabalho entre os membros que moram e praticam nos locais que compõem a nova Seção: Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Goiás/Distrito Federal.
O trabalho sob a Orientação Lacaniana já ocorria nesses locais há anos, portanto, o múltiplo é o ponto de partida.
Para chegarmos ao Um dessa empreitada é preciso fazer circular a transferência de trabalho.
Sabemos, desde Freud, da importância da presença dos corpos na experiência analítica. Essa, digamos, espécie de regra, se estende para os muitos mecanismos da formação do analista: a supervisão, o cartel e a transmissão teórica da psicanálise.
Porém, seguindo também a orientação de Freud e de Lacan, de que o psicanalista deve estar à altura de sua época, é preciso avaliar as barreiras impostas pelo espaço e pelo tempo.
O mundo contemporâneo inventou mecanismos de transpô-las e não devemos nos furtar a testá-las.
Iniciamos nosso trabalho optando por constituir um grupo fechado de transmissão para tentar garantir o laço da presença dos corpos nos locais de recepção das transmissões.
Justo quando parecia estar dando certo, o real nos atravessa e fomos obrigados a abrir mão da mínima garantia esperada. As transmissões foram abertas no Facebook. Mas não sem a dúvida: abrir ou cancelar? Novas adaptações e muitas reflexões terão de ocorrer em um tempo curto para enfrentarmos esse real.
O mesmo nos acossa na prática analítica. Se antes estávamos tranquilos com tratamentos on-line pontuais e justificáveis, de repente, nos vimos diante de um aumento da demanda de atendimento, tendo como única possibilidade de acolhimento, a internet. Ou seja, muito trabalho de elaboração e invenção pela frente!