Por Sérgio de Castro – Diretor Geral da EBP
O ano de 2019 foi de intenso trabalho para a EBP e suas Seções[1]. Santa Catarina, orientada pela Nova Geografia, criou espaços comuns com os colegas membros do Paraná. O Seminário da Orientação Lacaniana trabalhou o curso Extimidade de Jacques-Alain Miller. A Jornada Anual da Seção teve como título Tempo de sonhar, instante de despertar e teve como convidados Gustavo Dessal e Irene Kuperwajs que fez seu testemunho de passe.
A Seção São Paulo, em sua nova sede, acolheu, tendo no horizonte o termo Segregação como referência para o biênio, as atividades promovidas pelas Diretorias de Cartéis e Intercâmbio e Biblioteca. Derivado de tal tema, a IX Jornada da Seção teve como título Solidão, e contou com a presença de Marie Hélène Brousse. As A.E. Sandra Grostein e Maria Josefina Fuentes fizeram ali seus testemunhos de passe.
A Seção Rio de Janeiro, após promover uma atividade de transição entre as diretorias que se permutavam em torno do texto Teoria de Turim: sobre o sujeito da Escola, de JAM, prosseguiu com suas atividades. Entre elas o Seminário do Passe, o Seminário de Orientação Lacaniana e o Seminário Clínico, todos se enlaçando entre si e também aos temas do IX ENAPOL- Ódio, cólera e indignação, e do XII Congresso da AMP, O sonho, sua interpretação e seu uso no tratamento lacaniano. Nessa direção, o título da XXVI Jornada, extraído de tal enlaçamento, A vida (não) é um sonho, contou com a presença de Mauricio Tarrab e do A.E. Alejandro Reinoso.
A Seção Minas Gerais organizou suas atividades em torno de três eixos temáticos: O do IX ENAPOL, com atividades na Academia Mineira de Letras dialogando com vários autores que abordaram o tema do ódio, da cólera e da indignação, o do XII Congresso da AMP, através de um Seminário de Leitura da Biblioteca e do Seminário de Orientação Lacaniana. O terceiro eixo foi o da XXIII Jornada da Seção, intitulada: Num claro instante: o tempo na experiência analítica. Seu convidado internacional foi Gil Caroz. A mesa do passe dessa Jornada contou com a presença dos A.E. Alejandro Reinoso, Sandra Grostein e Sérgio Laia.
A Seção Bahia elegeu como tema orientador de suas atividades para o ano de 2019, assim como título de sua Jornada, O tempo de interpretar. O Seminário, livro 24, L’Insu… foi a fonte de onde se extraíram enunciações a partir das quais o tema da interpretação poderia ser trabalhado. Para Jornada anual da Seção Bahia foram convidados Miquel Bassols e Victoria Horney Reinoso, que apresentou ali seu testemunho de passe.
A Seção Pernambuco da EBP manteve seu Seminário de Orientação Lacaniana e sua atividade de extensão sobre A clínica contemporânea. Sustentou também atividade de estudos preparatórios ao IX ENAPOL e para o próximo Congresso da AMP. A Jornada da Seção, intitulada Dormir para Sonhar, Sonhar para Despertar, contou com a convidada Marina Recalde e com a A.E Maria Josefina Fuentes.
Uma novidade: da dissolução da Delegação Espírito Santo, da Delegação Geral Mato Grosso do Sul/Mato Grosso e da Delegação Geral Goiás/DF surge a Seção Leste-Oeste em formação. Seu diretor geral é Rômulo Ferreira da Silva e a presidente de seu Conselho Elisa Alvarenga. Aguardemos notícias com votos de um profícuo trabalho!
Nesta proposta de balanço do ano, este número do Correio Express publica, sob a batuta de Nohemí Brown e de Patrícia Badari, relatos das diretorias de Cartéis e Intercâmbio e de Biblioteca das diversas Seções.
Vocês lerão também o relatório e as considerações de Luís Francisco Espíndola Camargo sobre O Movimento de Articulação das Entidades Psicanalíticas. Chamo aqui a atenção para a importância da questão, uma vez que ela veicula, de forma às vezes explícita, às vezes nem tanto, um ponto crucial no Brasil de hoje. Refiro-me à expansão dos evangélicos pentecostais e suas pretensões de controle e domínio político da chamada sociedade civil. Será nesse sentido que deveremos entender suas sucessivas tentativas de regulamentar a formação dos psicanalistas através da criação de um Conselho Federal que legisle sobre o tema. Devemos nos lembrar de que o debate sobre a religião é crucial para nós, basta que retomemos textos seminais como Totem e Tabu, O futuro de uma Ilusão ou Moisés e o Monoteísmo, para ficarmos apenas em Freud. Não seria a hora de, pelas vias que são as nossas, entrarmos mais decididamente em tal debate, fornecendo a uma opinião esclarecida, a partir de tais referências, quais são nossas posições a respeito de tais tentativas de ingerência e controle?
Os trabalhos de preparação do XXIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, a se realizar nos dias 21, 22 e 23 de novembro de 2020 em Salvador já se iniciaram. Como anunciado no encerramento do IX ENAPOL, ele se chamará O feminino infamiliar, dizer o indizível e terá Christiane Alberti como convidada. Acolhemos, nesse título a tradução do termo alemão Unheimliche proposta pela edição das Obras Incompletas de Freud publicadas pela Editora Autêntica. O infamiliar é então o neologismo que acolhemos. Cotejá-lo com o feminino, entendido aí como matéria da substância gozante, será tocar nos limites do simbólico e, portanto, do dizível. A propósito, será sobre esse gozo primário que a religião, conforme nos adverte JAM[2], projetará uma interdição.
Não temos aí um fecundo material de trabalho para 2020?