Por Nohemí Brown
Se bem o que se apresenta aqui, das diferentes Diretorias de cartéis e intercâmbios das Seções, dá a impressão de uma colcha de retalhos, sua beleza e potência estão nisso mesmo. No tecido realizado em cada lugar, considerando as atividades sobre o cartel e o que reverbera de alguns intercâmbios com outros saberes.
Nesta colcha, costuram-se questões, ponderações e ideias que pulsam em cada Seção e que deram lugar a atividades ou que se decantaram das mesmas. Uma colcha viva que cobre parte do trabalho de Escola na EBP considerando o múltiplo das formações, dos lugares, dos momentos, porém sem perder a orientação. Neste sentido o cartel sempre nos ensina, trata-se de manter o laço não com um Um que unifica, senão com um Um que preserva a diferença, a dimensão irredutível da solidão com a própria causa, mas que abre as possibilidades de enlaçamento com o Outro, com a Escola. É uma forma de fazer Escola e de vivificar a letra de Freud, Lacan e outros. Nesse sentido, o vivo implica uma dimensão de prazer em aprender psicanálise, de outro modo se torna letra morta.
A EBP, como tem sido destacado a partir de J.-A. Miller, é uma Escola que tende, inclusive pela sua geografia e distribuição, ao múltiplo, às vezes, até ao disperso. Como manter o Um da Escola? Um Um que preserve a alteridade e as particularidades de cada lugar, sustentado em uma transferência de trabalho e não um Um que pretenda a homogeneização. Se bem essa é a direção que atual Diretoria da EBP toma como referência, como podemos ver, o cartel, é um dispositivo privilegiado nessa orientação.
Por Sônia Vicente
Diretora de cartéis e intercâmbio EBP –BA
A Seção Bahia, no ano de 2019, optou por fazer diferentes usos do Cartel na sua transmissão. Para seu Programa, convocou os membros, que sustentaram o Seminário de Formação Permanente e a preparação das Jornadas da Seção, para trabalharem em Cartel. A Especialização em Teoria de Orientação Lacaniana se utilizou de Cartéis “relâmpagos”, formados com uma finalidade específica. Um outro uso foi na Rede de Psicanálise Aplicada lhe fornecendo o suporte teórico-clínico.
No Encontro de Cartéis inovamos ao colocar a céu aberto as inquietações teóricas e de funcionamento numa Conversação que tornou a Seção vibrante, pulsando desejo pela psicanálise. A Seção Bahia tem 18 Cartéis inscritos, havendo pelo menos mais 7 ainda não inscritos. Os mais-um são preferencialmente membros da EBP. As produções dos Cartéis retornam à Seção pela revista Lapsus, nos boletins das Jornadas, assim como nas produções dos Encontros de Cartéis. O intercâmbio se fez presente mensalmente com os convidados: Victoria R. Horne, Cleide Monteiro, Cleyton Andrade, Elizabeth Siqueira, Henri Kaufmanner, Marcus André Vieira, Marina Recalde, Pablo Amster, Miguel Bassols e Sandra Grostein. Assim, UM a Um instituem uma Escola, nascida do discurso de seus membros.
Por Maria Wilma S. de Faria
Diretora de cartéis e intercâmbio EBP- MG
A presença de Clara Holguín na XXII Jornada de Cartéis da EBP – MG possibilitou pensar o cartel como um instrumento político e nos abriu questões: Não há cartel sem crise de trabalho? É da estrutura mesma de um cartel a crise, exatamente por que há um furo no saber? Haveria alguma diferença entre o cartel do passe, dispositivo de aferição do passe no final, dos carteis que servem como porta de entrada? Poderíamos falar sobre o lugar do Mais-Um, entrando como quarto termo, amarrando os três registros? Como o cartel subverte e promove uma espécie de mutação na relação com o saber daqueles que se propõem a trabalhar de tal maneira, sendo um dos efeitos o despertar e a retirada da posição preguiçosa e sonolenta presente no discurso do mestre?
Atentos a isso e causados por uma pesquisa epistêmica, reavaliamos as atividades do automaton da agenda de cartéis da EBP-MG, fomentamos as listas de Procura-se cartéis com noites de trabalho, um Seminário com a Diretora Nacional de Cartéis, articulando o trabalho de Cartel à XXIII Jornada da Seção Minas e realizamos a Jornada de cartéis. Com tal trabalho procuramos uma abordagem mais nominal, criando oportunidades de endereçamento às contingências de encontros e desencontros, no exercício de enlaçar as particularidades da prática da EBP-MG ao Um da Escola de Lacan.
Por Rosane da Fonte
Diretora de cartéis e intercâmbio EBP- PE
Na noite de Cartéis, foi apresentando um texto no qual foi posto em destaque a importância do Cartel na Escola de Lacan e sua correlação com os princípios da psicanálise. Em seguida, dois Cartéis inscritos na Rubrica: Clínica, teorias e práticas em torno dos temas Reflexões sobre a Melancolia e Ressonâncias Contemporâneas nas Mutações no Gozo, apresentaram suas produções à comunidade local, respondendo de modo singular as questões que motivaram a formação dos respectivos Cartéis.
Após a apresentação do produto dos Cartéis, foi possível abrir a discussão e constatar a importância desse dispositivo na Escola em que cada um, em nome próprio, com seu estilo, seu traço, seu modo de transmitir singular fez sua apresentação. Foi também um convite e um estímulo à formação de novos Cartéis.
Por Ana Tereza Groisman
Diretora de cartéis e intercâmbio EBP-RJ
Nossa diretoria iniciou seus trabalhos com a formação de um cartel, intitulado: “Cartel sobre Cartel”. Buscamos referencias teóricas sobre tal dispositivo a fim de orientar nossas propostas de trabalho.
Cartel: Na jornada de Carteis, convidamos Nohemí Brown e Rodrigo Lyra, para uma conversa sobre o lugar e a função do Cartel na Escola de Lacan. A jornada acolheu também diversos trabalhos enviados a partir dos carteis inscritos em nossa Escola.
Fizemos um encontro de “procura-se Cartel”, onde tivemos a oportunidade de reunir os colegas que estão se aproximando da seção Rio e da EBP, foi um encontro muito produtivo, de onde saíram cinco possíveis Carteis. No final do ano propusemos uma noite dedicada à função do Mais Um, retomando uma questão que surgira na Jornada, sobre o lugar de Mais Um articulado a posição de cada membro junto ao grupo Escola, foi um encontro muito animado e produtivo.
Intercâmbios: Seguindo a orientação da diretoria de Carteis da EBP, tentamos apoiar as várias atividades já propostas pela diretoria da EBP Rio que buscam uma interlocução com diversos campos de saber e atuação artística na nossa cidade, buscamos recolher um registro de tais atividades, endereçando à EBP essas notícias; “Leituras em cena” e “Cinema e psicanálise” são duas atividades regulares propostas pela diretoria, mas além dessas, estamos atentos as diversas iniciativas dos membros de nossa comunidade que busquem esse enlaçamento entre a psicanálise e a cidade.
Por Cleudes Slongo
Diretora de cartéis e intercâmbio EBP-SC
Com o intuito de causar o desejo pelo dispositivo de cartel, organizamos uma Noite de Cartéis que teve como tema Cartel: o Uno e o Múltiplo, em consonância com o curso Extimidade do Miller que foi trabalhado no decorrer deste ano pela Orientação Lacaniana.
Na nossa Jornada de Cartéis tivemos um momento fecundo onde cada cartelizante tornou público o produto próprio – singular – do trabalho de construção de saber realizado entre outros. O Cartel é Escola: Descosturas e Enlaces, conferência de Ana Tereza Groisman, e a minha fala, na Jornada, se revelaram bastante afinadas e proporcionaram um debate vivificante.
Os efeitos produzidos pelos dois eventos, em especial pela Jornada de Cartéis, repercutem até hoje. Vários cartéis se formaram durante, e depois da Jornada. Desses, alguns já foram inscritos no Catálogo de Cartéis da EBP.
O Cartel constitui-se em uma das formas privilegiadas de pesquisa, estudo e elaboração de saber em nossa Seção. Sem dúvida, o Cartel como possibilidade de laço social, fundado na transferência de trabalho, tem sido uma importante ferramenta para o tratamento dos inúmeros impasses institucionais.
Por Marilsa Basso
Diretora de cartéis e intercâmbio EBP-SP
Como inovar no modo de operar na transmissão e, ao mesmo tempo, preservar o ensino que nos foi deixado em relação ao dispositivo de trabalho em Cartel na Escola? Como favorecer para um uso mais abrangente deste dispositivo?
Foi essa questão que essa diretoria de Intercâmbio e Cartéis da Seção São Paulo se dedicou responder, nesses primeiros meses de trabalho, ousando na experiência de diversos tipos de cartéis: relâmpagos, fulgurantes e standards.
Um trabalho que foi sendo discutido e acompanhado a cada impasse e efeito junto a uma comissão que compõe essa diretoria.
Um pouco deste trabalho apareceu nas publicações realizadas em Correio Express e na apresentação de trabalhos nas jornadas de Cartéis e da Seção São Paulo.
“Os cartéis nos tempos que correm” foi o tema da convidada Nohemí Brown que nos trouxe reflexões importantes sobre o tema e a nossa prática.
Os intercâmbios, que acontecem em algumas cidades do estado de São Paulo onde há pessoas do campo psicanalítico, têm favorecido para uma interlocução produtiva, provocativa e pontual.
Favorecer o agrupamento de pessoas para formação de futuros cartéis tem sido nosso desafio atual.
Intercâmbio e Cartéis têm fomentado o desejo de sustentação de uma Seção viva e orientada na Escola Una.