A EBP, como uma comunidade viva e atenta a sua época, sustenta atividades que implicam uma articulação com ciências afins. Há vários trabalhos nesta linha que estão em andamento já faz algum tempo nas diferentes Seções que compõem a nossa Escola e que ficam como atividades específicas de cada lugar. Porém, nesses encontros com outros saberes, podem ou não acontecer momentos de “inter-câmbio”, onde mais do que extrair um saber de outra disciplina ou oferecer o nosso, é possível localizar o limite do saber e, a partir dessa troca, abrir brechas que, não sem surpresa, forçam ao bem-dizer ou a uma forma, por vezes, inédita de considerar uma questão. Trata-se de saber escutar o vivo do que acontece ali e que produz efeitos para quem dele participa.
Por isso, nesta nova rubrica da Correio Express, em um esforço de poesia ou de elaboração, serão recolhidas pequenas pontuações desses momentos de intercâmbio, onde a via é de mão dupla. Trata-se de um certo recenseamento, onde se possa circunscrever o que se passou ali. É uma forma de estar atento à cidade, à cultura, à vida, e – como uma Escola que se preocupa com a formação, mais do que ir e oferecer leituras – recolher os efeitos disso em nossa comunidade analítica. De poder recolher – quando não falamos entre nós, quando escutamos com atenção outros saberes – o que outras leituras fazem ressoar entre nós, num dizer que nos convoca ao trabalho e de certa maneira nos força à elaboração. Não é isso que tanto Lacan, Freud ou Miller nos ensinam em suas relações com campos afins? Uma nova maneira de ler e de dizer pode ser convocada e, nisso, o vivo da enunciação. Trata-se de uma aposta para estar atento ao que de vivo acontece nas diferentes Seções e que pode ser transmitido ao conjunto de nossa comunidade.