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Fragilidade do Outro e desenlaces dos sexos
Elizabete Siqueira e Gisella Sette Lopes

A era pós-paterna é produto da fragilidade do Outro. É uma época em que o pai da lei foi definitivamente superado. O Nome-do-Pai que havia sido pluralizado foi, para além de significante, reduzido a sua função de uso. Assim sendo, ficou bem difícil conseguir transmitir a eficácia de um dizer que limitasse o gozo sem limites, apregoado pelo discurso capitalista e viabilizado pela ciência.

Laurent (2007), em A sociedade do sintoma, deixa claro que “o hedonismo contemporâneo em suas múltiplas variações revela a impossibilidade de definir uma relação sexual entre os sexos, e inclusive entre parceiros de um mesmo sexo” (p. 83). Fica claro, então, que cabe a cada Um inventar ou reinventar modos de enlaçar-se ou reenlaçar-se nos tempos de desenlaces produzidos pela ausência, ou fragilidade de significantes mestres. O discurso do mestre se rendeu frente ao empuxo do gozo e do seu mandato superegóico do sempre mais.

Os falasseres foram impelidos a buscar no Imaginário e no Real os recursos para dar conta de suas amarrações debilitadas em face do fracasso dos enlaces que eram, até então, produzidos com base no declínio do Nome-do-Pai no Simbólico.

Observamos, finalmente, nessa nova era, a proliferação dos enlaces poli reparados que cada vez mais comprometem a qualidade do laço social.

Em nossa Jornada de 2018, desejamos precisamente destacar essas modalidades de desenlaces e discutir os possíveis reenlaces reparadores. Discutir como cada falasser se vira para produzir grampos que sustentem suas cordas esgarçadas, conseguindo resgatar uma consistência confortável.



Referências:

LAURENT, É. Sociedade do Sintoma: a psicanálise hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2007.

   
   
 


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