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Na Assembleia Geral do XII Congresso de Membros da EBP1, ecoou, a propósito do assunto biblioteca, a seguinte indagação de J. L. Borges: “O que é um livro se não o lemos?” “É uma máquina preguiçosa porque precisa de alguém para colocá-la em movimento”; foi a resposta de Agnaldo Farias. Marcela Antelo complementou, dizendo que “a função da biblioteca é contrariar a inércia dos livros”.
Neste ano de 2017, a inércia dos livros da EBP - Seção Bahia, foi contrariada pelas seguintes atividades:
Três ateliês de leitura: Freud, “O mal-estar na civilização”; Lacan, “Função e campo da fala e da linguagem” e Miller, “Ler um sintoma”, nos meses de maio, julho e outubro, respectivamente.
Lançamento dos livros “Psicopatologia Lacaniana”, organizado por Heloísa Caldas (RJ) e Antônio Teixeira (MG), ocorrido num curso breve sobre “Entrevistas preliminares”, apresentado pela organizadora Heloísa Caldas, na conferência de abertura; “Um homem e uma mulher depois da análise”, escrito por Lêda Guimarães (RJ) em parceria com Luis Dario Salomone (AR); “Lacan chinês: poesia, ideograma e caligrafia chinesa de uma psicanálise”, de autoria de Cleyton Andrade (AL), estes últimos lançados na jornada da EBP - Seção Bahia2, numa mesa destinada a lançamento de livros, na qual Leda Guimarães e Cleyton Andrade apresentaram suas produções.
Finalmente, o livro “Histeria e saúde mental – escutar o sujeito dentre outros”, de autoria de Susette Matos da Silva (PA), lançado na jornada do Instituto de Psicanálise da Bahia3, logo após uma mesa de Conversação Clínica dos Núcleos do IPB, na qual a autora apresentou um trabalho, representando o núcleo ao qual pertence (NIPSAM - Belém-PA).
Das enunciações desses autores, que precederam as sessões de autógrafos, surgiu um efeito de empuxo à leitura, evidenciando, assim, um lançamento de $ujeitos.
Em parceria com o Observatório sobre o Autismo, foi promovida4 uma ação lacaniana, que consistiu numa transmissão em linha direta da conferência de Jean Claude Maleval “A estrutura autística”, proferida em Bogotá (NEL). Tal interface entre a leitura e a fala produziu, na numerosa plateia que se fez presente, uma expressiva ressonância.
Configurando uma significativa conjunção entre a leitura e a escrita, a disciplina da publicação trará à luz mais um número da revista Agente, que terá como tema central “O Trauma”.
A livraria, como parte da biblioteca, vem cumprindo a função de fazer circular o saber psicanalítico através dos livros, tendo alcançado expressiva venda de livros, especialmente nas duas últimas jornadas, o que me fez lembrar o significante “sinergias”, utilizado certa vez por Judith Miller5, para nomear o “falar com os outros” que é, por excelência, uma função dos livros.
Essas modalidades das quais nos servimos para contrariar a inércia dos livros, têm resultado numa significativa conjunção entre o saber ler e o bem-dizer, o que se traduz num valioso incentivo à continuidade do trabalho nessa rota, para além da rotina.
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