Caros Colegas,
Eis um convite para desfrutar nosso Correio Express número 9, marcado por delicadezas e contribuições fundamentais.
Em homenagem. Merecida, emocionante e delicada homenagem a Carlos Augusto Nicéas em “Prelúdio a um amigo ausente”, por Paulo Siqueira.
Um prelúdio onde Paulo, amigo de Carlos, conta algo precioso para a história da psicanálise na EBP. Trata-se de um relato que permite reconhecermos a simplicidade, a generosidade e a força de cada ato decidido na orientação de Nicéas dirigido à psicanálise, e à sua vida de bons e marcados afetos.
Tomo, também, o “prelúdio” como a introdução em um gênero musical, como forma de aquecer e preparar a tonalidade na música. Acho uma bonita forma de tocar no que há de vivo e no que ainda ressoa de Carlos Augusto Nicéas, sempre anunciando seu tom. Um homem de gosto musical variado, mas que persistiu e imprimiu o tom com sua singularidade sempre desejante e cantante.
Na rubrica Ação Lacaniana. Seguimos com tom de poesia em tempos tão difíceis, no vídeo elaborado por Marcelo Veras (metaDonna), há quase quatro anos, na série de comemoração de nossos vinte anos – EBP contra os manicômios. É obra de uma atualidade ímpar, visto que alguns podem contar com a estranheza de um déjà vu, ao ser noticiado pelo Ministério da Saúde o retrocesso à lógica manicomial e o incentivo à ampliação de leitos psiquiátricos. Vídeo a ser replicado incansavelmente.
Na rubrica Dobradiça de Cartéis. Os textos Topologia, tempo e Real (Luiza Sarno) e A opacidade do gozo (Wilker França) trazem elaborações de cartéis, onde o encontro dos cartelizantes se fez de maneira presencial, e que discutem a questão do tempo, as torções nos diferentes momentos do ensino de Lacan, e abrem questões, que seguem em andamento, sobre topologia, gozo, pulsão e Real.
Os textos Um cartel on-line não sem os afetos presenciais (Tânia Abreu) e Tempo e espaço no cartel: experiências e desafios em tempos de conectividade (Fabiola Ramon) mantêm viva a discussão da modalidade “virtual” que invade nossos tempos e possibilita a reunião on-line de seus cartelizantes. No primeiro texto, encontramos considerações fundamentais sobre o virtual, o encontro dos corpos e o pulsional – “a ‘eminente concorrência’ que o olhar faz à voz interfere no funcionamento de um cartel”. Do segundo texto, sublinho uma questão introduzida para essa cartelizante: “O empuxo à rapidez, fugacidade e descorporalização dos encontros não se colocam necessariamente como causa da desagalmatização do saber, mas sim como arranjos sintomáticos do funcionamento do discurso do capitalismo, funcionamento este sob o qual todos operamos na vida.”
Desejo e espero que sejam capturados pela leitura, e pela produção de novas questões.
Alessandra Sartorello Pecego
|